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2009-12-13

“Nós somos Igreja” recorda:

" Passaram 30 anos desde que foi revogado a Hans Küng o direito de leccionar Teologia (18 de Dezembro de 1979):
A sua persistência é, para todos nós, estímulo, inspiração e incentivo."


No dia 18 de Dezembro de 2009, faz 30 anos que o Papa João Paulo II revogou o direito de leccionar Teologia (missio canonica) do Prof. Dr. Hans Küng devido às propostas que ele apresentou visando reformar a Igreja Católica. No seu livro intitulado "Infalível? Uma interrogação", publicado em 1970 a seguir ao Concílio Vaticano II (1962-1965) e igualmente inspirado pela encíclica Humanae Vitae de 25 de Julho de 1968, Küng levantou a questão de o ministério papal ser realmente infalível. Foi deste modo que Küng, como nenhum outro no nosso tempo, levantou o problema da verdade na Cristandade, o qual tem mantido aceso deste então.
O mundialmente famoso teólogo suíço, nomeado consultor oficial do Concílio Vaticano II pelo Papa João XXIII, contribuiu decisivamente para uma teologia ecuménica, não obstante a sua posterior marginalização por parte da igreja. A sua tese de doutoramento, Justificação, sobre o teólogo suíço protestante Karl Barth, concluída em 1957, foi, ao tempo, elogiada por Joseph Ratzinger, docente e colega de Küng na Universidade de Tubinga, Alemanha, até 1968. Küng contribuiu profusamente para o acordo alcançado em 1999 entre a Igreja Católica e a Igreja Luterana relativamente à declaração sobre a Doutrina da Justificação. O seu "Project world ethos" (projecto de consciência ética universal) (www.weltethos.org) teve início em 1990 e transformou-se num significativo estímulo do diálogo inter-religioso, hoje mais necessário do que nunca devido aos nossos problemas globais. A 6 de Outubro de 2009, ele proclamou a sua "Declaração para uma ética empresarial global" perante a ONU.
Após a anulação do direito de ensinar Teologia, Küng não se retratou das suas bem fundamentadas afirmações teológicas sobre o controverso dogma da infalibilidade de 1870. Assim, demonstrou que somos chamados não a obedecer mas a resistir às usurpações por parte de Roma. Em 1979, Küng foi nomeado para a cátedra de Teologia Ecuménica, criada para ele fora da faculdade católica, que ocupou até 1997.
Em 1968, Hans Küng esboçou, juntamente com outros teólogos, a declaração "Para a liberdade na Teologia". No final, este texto ostentava as assinaturas de 1360 teólogos, incluindo o de Joseph Ratzinger, o actual Papa Bento XVI, de todo o mundo. Em 1989, Küng foi co-assinante da autodenominada "Declaração de Colónia", um voto para um catolicismo receptivo e contra uma maior ampliação da autoridade papal.
Hans Küng é igualmente um dos apoiantes espirituais do KirchenVolksBegehren (Referendo "Nós Somos Igreja") iniciado em 1995 na Áustria, que deu origem ao Movimento Internacional "Nós Somos Igreja". O segundo volume das sua autobiografia “Uma verdade controversa” apresenta fundamentos históricos e sistemáticos das preocupações do movimento “Nós Somos Igreja”, que se tornaram ainda mais expressivos desde o Concílio Vaticano II e pelos quais ele próprio lutara nas décadas de 1960 e 70. Nas suas obras fundamentais (A Igreja, 1967, Ser Cristão, 1974 e Deus existe? de 1978), Küng apresentou, desde logo, à esfera pública tópicos reformistas específicos, que justificou meticulosamente quer bíblica quer espiritualmente.
Actualmente, achamos que as interrogações de Küng sobre o pontificado não foram de modo algum respondidas,como se comprova pelos conflitos crescentes entre a hierarquia da igreja e o laicado. A obrigatoriedade do celibato, a ordenação de mulheres e a questão eucarística continuam a ser discutidos, apesar de todas as proibições de Roma.
Em Setembro de 2005, Hans Küng teve um encontro inesperado com o Papa Bento XVI, seu anterior colega na universidade, o Professor Ratzinger. Embora sem surpresa, todos os tópicos relacionados com reformas no seio da Igreja Católica tinham sido previamente excluídos. Tal como anteriormente, também após a reunião Hans Küng comprometeu-se com os assuntos da reforma que tanto preza. Porque, nas palavras de Hans Küng, no segundo volume da sua autobiografia, "Não foi o Concílio mas a traição ao Concílio que lançou a Igreja numa crise."
"A sua persistência na renovação da Igreja Católica Romana e o seu compromisso com os problemas ecuménicos bem como com o diálogo entre as religiões mundiais é, para todos nós, estímulo, inspiração e incentivo", declarou reconhecido o movimento reformista católico "Nós Somos Igreja" aquando do 80º aniversário de Küng, a 19 de Março de 2008.

Comunicado de imprensa de "Nós somos Igreja"


Informações recolhidas na internet sobre o Teólogo:

Quem é:

Hans Kung, filósofo, teólogo. Nomeado oficialmente, em 1962, conselheiro teológico pontificial pelo Papa João XXIII. É professor catedrático de Teologia Dogmática e Ecuménica na Universidade de Tubingen e director do Instituto de Estudos Ecuménicos da mesma Universidade. É professor catedrático não agregado de Teologia Ecuménica desde 1980.


Recebido pelo Papa

O Papa Bento XVI recebeu em Setembro de 2005 em Castelogandolgo o teólogo suíço contestatário Hans Kung, suspenso do Vaticano em 1979, disse na altura o porta-voz da Santa Sé, Joaquim Navarro-Valls.
Durante o encontro, que decorreu num "clima amigável", foram abordados temas como a ética mundial, as ciências naturais e a fé cristã, acrescentou a mesma fonte.
Os dois homens, que se conhecem bem, decidiram não abordar "no âmbito deste encontro" em pormenor as questões doutrinais que opõem o teólogo suíço ao magistério da Igreja Católica.
No final do encontro, Bento XVI homenageou os esforços feitos por Hans Kung para a reflexão dos valores morais comuns a toda a humanidade e para o diálogo entre fé e ciência, enquanto o teólogo suíço saudou o trabalho do Sumo Pontífice a favor do diálogo entre religiões.
Joseph Ratzinger, 78 anos, e Hans Kung, 76, são dois dos mais brilhantes teólogos católicos europeus, que frequentaram juntos a universidade de Tubingen, onde Kung ainda ensina, tendo participado no concílio do Vaticano II.
Hans Kung foi proibido de ensinar na universidade pontifica gregoriana em 1979 pela Congregação para a Doutrina da Fé, à qual Ratzinger já pertencia e na qual, dois anos mais tarde, viria a ocupar o cargo de prefeito.



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