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2009-11-22

Uma Questão de Atitude

Agora que o ruído das eleições regressou ao silêncio do dia-a-dia, ouviremos novamente falar da crise, das suas consequências e possíveis remédios.
Alguns dir-nos-ão que vamos ter mais dificuldades em sair da crise porque o nosso país é pobre, que tem poucos recursos naturais. Mas a diferença entre países pobres e ricos não está principalmente nos recursos naturais. É verdade que isso conta mas não é tudo. Vejamos só dois exemplos:
1 - Japão: Possui um território pequeno, 80% montanhoso, inadequado para a agricultura e para a criação de gado. No entanto, é uma potente economia mundial. Como? Importa matéria-prima e exporta produtos manufacturados.
2 - Suíça: Não tem cacau mas tem o melhor chocolate do mundo. É um país pequeno e, apesar de só poder cultivar o solo durante quatro meses por ano, cria animais em abundância e fabrica lacticínios da melhor qualidade.
A par disso, é um país que tem uma imagem de segurança, de ordem e de trabalho. Por isso é considerada a “caixa forte” do mundo onde os ricos gostam de depositar o seu dinheiro. É certo que, às vezes, esses ricos não passam de grandes ladrões, mas a Suíça não sabe disso! (Onde é que já ouvimos falar disto?!)

O facto é que, quando falamos de potencialidades dos gestores, não há diferença significativa entre os vários países. Então, no que refere a Portugal, temos inúmeros exemplos de gestores e especialistas em vários ramos da ciência que brilham noutros países. Os nossos emigrantes são tidos também como muito bons trabalhadores nos países para onde emigram.

Onde está, então, o problema? Pensamos que o problema reside na ATITUDE das pessoas. Falando de Portugal, esta atitude liga-se directamente à educação e cultura do nosso povo. Ou, claro, à falta de ambas.
Trabalhei durante toda a minha vida laboral numa empresa norte-americana. Empresa altamente produtiva e possuidora dum código de ética com base no qual todos os seus colaboradores eram avaliados duas vezes por ano através dum perfil de competências exigido pela empresa e assinado por cada colaborador na altura da admissão. É por isso que me custa tanto assistir a todo este folclore de associações portuguesas que exigem participar na definição dos parâmetros e critérios da sua avaliação de desempenho! Como se a definição do perfil de competências exigidas não seja um direito da entidade empregadora (embora tendo em conta o feedback dos colaboradores quanto à melhoria da sua implementação na realidade…) e a avaliação de desempenho não possa ser um óptimo instrumento para a evolução e valorização dos profissionais.

Ao longo da minha presença naquela empresa, contactei com muitos gestores de empresas de quase todos os países do mundo. Posso resumir os grandes pontos que marcam a sua atitude perante a vida do trabalho e perante as relações sociais. É a isto que chamo ATITUDE.

1º - Respeito pela Lei: o que não é permitido pela Lei não se faz.
2º-  Responsabilidade: cada um é responsável pela execução integral
       daquilo para que foi contratado.
3º - Escrupuloso respeito pelo regulamento interno da empresa.
4º - Escrupuloso respeito pelos direitos dos outros.
5º - Dedicação e esforço no desempenho do seu trabalho.
6º - Saudável trabalho em equipa.
7º - Espírito de entreajuda.
8º - Espírito de iniciativa e inovação.
9º - Definição dum plano pessoal de carreira: objectivos individuais e formação adequada para os alcançar.
10º - Pontualidade.
 
No nosso país, salvo raras excepções, não se seguem estes princípios. Continuamos na velha atitude do “desenrascanço”, do “salve-se quem puder desde que a polícia não veja,” do “faz o mínimo dando a impressão de que fazes o máximo”, etc.
Nunca em país algum, excepto em Portugal, vi uma convocatória para uma reunião que indicasse o seu início desta maneira: “Pelas 10 horas.” Noutro dia, li no regulamento interno dum estabelecimento de ensino: “Tolerância de atraso dos professores para o início das aulas: 10 minutos.”
Completamente inconcebível nos países, dizemos nós, “evoluídos”! Porque será que esses países são EVOLUÍDOS?

Apetece dizer: Não somos pobres porque nos faltam recursos naturais.
        Somos atrasados porque nos falta atitude.


 Arsénio Pires



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