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2011-01-29

A nona bem-aventurança

Revendo, ao acaso, os meus arquivos, encontrei o seguinte texto escrito por João César das Neves, que se insere com toda a propriedade na temática exposta. Por sua vez, vem de encontro ao meu pensamento sobre aquela igreja que, embora gerida por homens, foi fundada directamente pelo próprio Jesus Cristo, Senhor nosso: "... tu es Petrus et super hanc petram ...": (A. Martins Ribeiro)

 

A Nona Bem-aventurança

Um dos fenómenos mais espantosos da história da humanidade é o ataque à Igreja.

Esse processo, tão aceso estes dias, é sempre muito curioso.Primeiro pela duração e persistência. Há 2000 anos que os discípulosde Cristo são perseguidos, como o próprio Jesus profetizou. E cada ataque, uma vez começado, permanece.

A Igreja é a única instituição a que se assacam responsabilidades pelo acontecido há 100, 500 ou 1500 anos. Os cristãos actuais são criticados pela Inquisição do século XVII, missionação ultramarina desde o século XV, cruzadas dos séculosXI-XIII, até pela política do século V (no recente filme Ágora, de Alejandro Amenábar, 2009).

Depois, como notou G. K. Chesterton em 1908, o cristianismo foi atacado "por todos os lados e com todos os argumentos, por mais que esses argumentos se opusessem entre si" (Orthodoxy, c. VI).

Vemos criticar a Igreja por ser tímida e sanguinária, pessimista e ingénua,laxista e fanática, ascética e luxuosa, contra o sexo e a favor da procriação, etc.

Mas o mais espantoso é que os ataques conseguem convencer-nos daquilo que é o oposto da evidência mais esmagadora.Os iluministas provaram-nos que a religião cristã é a principal inimiga da ciência; supersticiosa, obscurantista, persecutória do estudo e investigação rigorosos. A evidência histórica mostra o inverso. A dívida intelectual da humanidade à Igreja é enorme. Devemos a multidões de monges copistas a preservação da sabedoria clássica.

Quase tudo o que sabemos da Antiguidade pagã veio dos mosteiros. Foi a Igreja que criou as primeiras universidades e o debate académico moderno. Eram cristãos devotos os grandes pioneiros da ciência, comoKepler, Pascal, Newton, Leibniz, Bayes, Euler, Cauchy, Mendel,Pasteur, etc. Até o caso de Galileu, sempre citado e distorcido,mostra o oposto do que dizem.

Depois, os jacobinos asseguraram-nos que a Igreja é culpada de terríveis perseguições religiosas, étnicas e sociais, destruição cultural de múltiplos povos, amiga de fogueiras e câmaras de tortura,chacinas, saques e genocídios.

No entanto, a evidência de 2000 anos de história real de cristãos concretos é de caridade, mediação,pacifismo.

Tudo o que o nosso tempo sabe de direitos humanos,diplomacia, cooperação e tolerância foi bebê-lo a autores cristãos.A seguir, os marxistas vieram atacar a Igreja por ser contra os proletários e a favor dos ricos. Quando é evidente o cuidado permanente, multissecular e pluricultural dos cristãos pelos pobres e infelizes, e as maravilhas sociais da solidariedade católica no apoio aos desfavorecidos.

Vivemos hoje talvez o caso mais aberrante: a Igreja é condenada por...pedofilia. A queixa é de desregramento sexual, deboche, perversão. Mas a evidência histórica mostra que nenhuma outra entidade fez mais pelo equilíbrio da sexualidade e a moralização da vida pessoal da humanidade.

Mais uma vez, o ataque nasce do oposto da verdade.Serão as acusações contra a Igreja falsas? Elas partem sempre de um núcleo verdadeiro.

Houve cristãos obscurantistas, persecutórios,cruéis, injustos, luxuosos, como hoje há padres pedófilos. Aliás, em 2000 anos de história, e agora com mais de mil milhões de fiéis, tem de haver de tudo.

A distorção está na generalização ao todo de casos particulares aberrantes. Não sendo tão má quanto o mito, a Inquisição foi péssima.

Mas a Inquisição não representa a Igreja e a própria Igreja da época a condenou. Os críticos nunca combatem os erros,sempre a instituição. Hoje não se ataca a pedofilia na Igreja, mas a Igreja pedófila.

A razão do paradoxo é clara. Cada época projecta na Igreja os seus próprios fantasmas. Ninguém atropelou mais o rigor científico que os iluministas. Ninguém foi mais sangrento que os jacobinos. Ninguém gerou maior pobreza que os marxistas. Ninguém tem mais desregramento sexual que o nosso tempo.O ataque à Igreja é uma constante histórica. A História muda. A Igreja permanece. Porque ela é Cristo. Dela é a nona bem-aventurança:"Bem-aventurados sereis quando vos insultarem e perseguirem" (Mt 5,11). 

JOÃO CÉSAR DAS NEVES

DN 2010.04.12

(Texto enviado pelo A.Martins Ribeiro)



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