Eu não quero pagar a RTP
Henrique Raposo (www.expresso.pt)
I. Recomendo um exercício aos portugueses: olhar com atenção para as contas da água e da luz. Leiam tudo com atenção, porque estão ali os pormenores da nossa condição de escravos fiscais do Estado e das empresas públicas ou semi-públicas (aquelas que têm a gloriosa golden share). Por exemplo, acaba de chegar a conta da água, emitida pela EPAL. Consumi 6.74€ em água, mas pago 10.98€ no total. 3.84€ em taxas é um abuso, sobretudo quando vivo num país com impostos sempre a aumentar. O meu vencimento é sodomizado pelo IRS, e depois sou canibalizado, aos poucos, pelas sucessivas taxas do dia-a-dia. Obrigado, mas não sou muito dado a este sado-maso fiscal.
II. A minha conta favorita é a da electricidade. Um exemplo: a de Agosto. Consumi 17.60€ em electricidade, mas paguei 26.44€. São quase nove euros em gorjeta para a EDP. O extra mais irritante é uma coisa que diz "contribuição audiovisual" (1,74€) e o respectivo IVA. Expliquem-me uma coisa: como é que eu posso pagar IVA sobre uma taxa? Uma taxa não é um produto. Como é que me podem cobrar IVA sobre uma taxa que me é imposta? Como? Mas vou dar o IVA de barato. O que não dou de barato é o seguinte: a EDP retira dinheiro do meu bolso e entrega esse dinheiro à RTP. Desculpem, mas esta brincadeira tem de acabar. Eu não quero financiar a RTP. Esta taxa é ilegítima, e, ao que parece, vai aumentar. Portanto, vou escrever uma cartinha aos senhores da EDP, pedindo o seguinte: façam o favor de anular a minha taxa do áudio-visual, porque eu não quero financiar a RTP. Se a EDP não der resposta, irei escrever ao Provedor de Justiça. Esta gorjeta forçada tem de acabar, nem que seja preciso ir até ao TEDH .