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2010-12-28

Umas Achas para o Natal

As Origens do Natal Cristão

Porque, como já disse nos comentários ao artigo aqui postado da autoria da Sra. Evelin Levy Torrence, me parece haver algumas lacunas e imprecisões, consultei algumas fontes e, para quem interessar, aqui vão umas resumidas achegas ao tema.

A primeira referência conhecida ao Natal cristão é do ano 354.Foi preciso esperar três séculos para que houvesse Natal, a festa da Natividade de Jesus. Só aconteceu depois do Édito de Milão (ano 313).

Segundo os historiadores, cristãos e não-cristãos, tudo se passou assim.

Naquele século IV, apesar do direito de cidadania concedido por Constantino ao cristianismo, a maioria do povo, sobretudo as grandes massas rurais, era pagã e celebrava a festa do Solstício de Inverno, o Sol Invencível.

A religião do Sol Invencível tinha sido introduzida em Roma no ano 186 d. C. por Heliogábalo. Mas já nessa altura não se tratava dum culto novo, como veremos.

Mais tarde, no dia 25 de Dezembro do ano 274 d. C., data em que se julgava ser a do Solstício do Inverno, o Imperador Aureliano dedicou, ao Sol Invencível, um templo na capital do Império. Pretendia reforçar o culto helilátrico para reforçar a coesão do Império que começava a desmoronar-se por todos os lados.

Mas não era um culto novo pois o deus Mitra, antiga divindade dos povos arianos, ligada ao princípio da Luz e da Vitalidade que ela encerra para os homens (Justiça e Verdade), tinha chegado ao Ocidente a partir do ano 67 a.C. trazida pelos militares romanos.

Estes dois cultos, muito semelhantes, existiam no Império Romano quando o cristianismo chegou.

Portanto, só depois de alguns séculos sobre a existência destas duas religiões no Império Romano (a primeira referência ao Natal, como disse, é de 354) é que a Igreja, mo seu sempre admirável esforço por se adaptar sem destruir, querendo destronar a festa pagã do Solstício de Inverno, lhe “deu a volta”:

No dia em que a sociedade pagã festejava o fim das noites compridas e o começo do crescimento dos dias – Nathale Solis Invicti dos romanos – os cristãos passaram a festejar Aquele que veio dissipar as Trevas da Humanidade, o “Sol da Justiça” (Mal 3,20), “A Luz dos Povos” (Lc 2, 32, Aquele que disse “Eu sou a Luz do Mundo”. Não nasceu Ele do Oriente (orire= nascer)? E o Nathale Solis Invicti passou a ser Nathale Domini Nostri Iesu Christi, Sol Iusticiae.

Muito naturalmente, à medida que a cristianização avançava, a substituição aconteceu. Como não se sabia ao certo quando o nascimento de Jesus tinha acontecido, nada de anormal comemorá-lo naquela data fazendo desaparecer a festa pagã e passando o Sol a simbolizar o Solda Justiça e Luz dos Povos, Jesus.

Mas outra razão houve para que o Natal surgisse como uma necessidade: estava-se num período de reflexão cristológica e, para o efeito, tinha-se reunido o Concílio de Niceia (ano 325). As diversas heresias e, em particular, o arianismo, fizeram com que o Natal fosse uma grande oportunidade de proclamação da Fé no Mistério de Jesus Deus e Homem, perfeito na divindade e perfeito em humanidade.E foi a partir do Natal que se construiu todo o Ano Litúrgico até à Festa da Ascensão.

Como podemos concluir, a Festa do Natal foi mais fruto duma saudável acção pastoral de Igreja do que uma maquinação política do Império Romano. Embora esta unidade na Fé viesse a ajudar a coesão do Império e se prolongasse, sobretudo depois da queda do mesmo, na construção da Europa dos Bárbaros depois cristianizados.

Teria havido Europa se não fosse a acção Igreja? Teria havido cultura Ocidental se não fosse a acção da Igreja, em particular das Ordens Monásticas?E, hoje, será possível a existência duma Europa sem uma união de valores espirituais que a lance de novo para a Grande Utopia que atrai e enche o coração dos Homens?

Curiosidades:

1. A Festa do Solstício de Inverno era diferente conforme os lugares. No Norte da Europa era considerada a Festa da Árvore ou da Floresta pois a floresta era tida como a morada preferida dos deuses por causa da sua inacessibilidade e mistério.Será  daqui que veio a “Árvore de Natal”… o Pinheiro de Natal? Penso que sim!

2. No Oriente a festa era a 6 de Janeiro já que, segundo o cômputo paleo-egípcio do tempo, era nessa data que se situava o Solstício de Inverno. Havia nessa data uma grande festa em honra do deus Éon, deus do Tempo e da Eternidade, nascido da Virgem Kore; era nessa data que se celebravam os mistérios solares.

Em Alexandria, esta festa tinha contornos particulares; no seu decorrer, retirava-se água do rio Nilo (sagrado) para ser conservada em casa e destinada às abluções rituais. Noutros lugares, benziam-se as fontes. (Pensemos na Festa do Baptismo de Jesus).

É destas festas pagãs, ligadas também ao culto solar, que surgirá a festa da Epifania (Manifestação do Filho de Deus, Jesus, aos Reis Magos) mais própria, ainda hoje, do Oriente e da Espanha que foi evangelizada por cristãos não pertencentes ao Império Romano Ocidental. Em Portugal, a evangelização veio do Norte de África. Em Espanha veio da Irlanda, onde os romanos nunca chegaram.

Os orientais nunca deram demasiada importância à Natividade de Jesus. A Epifania é a grande festa.

Só na segunda metade do séc. VI houve uma adopção recíproca do Natal e da Epifania oriental. Mas este é outro tema.

Arsénio Pires



Comentários


2010-12-29

António Gaudêncio - Lisboa

Creio que este texto do Arsénio trouxe elementos bastantes  e esclarecedores para dar por encerrrado o tema do solstício do inverno. Agora que cada um julgue e deduza o que bem entender. Mas, a modo de encerramento final, uma coisa quero eu acrescentar: para os colegas que queiram saber mais alguma coisa, entender o porquê de certos fenómenos e cuja fé não vacile perante alguns factos, eventualmente desestabilizadores, eu aconselharia a leitura de um livro que versa essencialmente a forma como a Igreja se foi construindo e o modo como os DOGMAS foram sendo impostos à nossa capacidade racional.  Chama-se o livro " MENTIRAS FUNDAMENTAIS DA IGREJA CATÓLICA "  ( subtítulo : Como a Bíblia foi manipulada ) Autor ( espanhol) : Pepe Rodrigues, jornalista e licenciado em Ciências de Informação. Editora  : Terramar.

Permitam-me que transcreva o último parágrafo de uma apreciação ao livro: "  Trata-se de uma obra para crentes e ateus, que nos apresenta uma nova visão da verdadeira mensagem cristã e que proporciona respostas a muitas questões geralmente deixadas no escuro. " 

 Eu, pelo sim pelo não, vou começar a preparar-me para festejar o equinócio do verão, lá mais para o verão, claro......

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