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2010-10-12

O Prémio Nobel da Paz

Liu Xiaobo, Prémio Nobel da Paz

Arsénio Pires

O Prémio Nobel da Paz de 2010 mereceu o aplauso de todo o mundo. Este prémio atribuído agora a um simples professor de literatura, de 54 anos, acordou muita gente para a existência deste resistente e fez tremer o regime chinês.

Como sempre, os detentores das “amplas liberdades” e dos “destinos do povo” depressa reagiram, através do seu Ministério dos Negócios Estrangeiros, proclamando:

- Este prémio é “uma obscenidade” e uma “decisão contrária aos princípios dos Prémios Nobel”.

Também o nosso PCP lamentou a atribuição do prémio Nobel da Paz 2010 a este dissidente chinês, considerando que é "mais um golpe na credibilidade" deste galardão e que representa "pressões económicas e políticas" à China. (cfr. Expresso).  

Conhecem Liu Xiaobo?

Já falámos dele, aqui, nos “Pontos de Vista”.

Foi condenado, em 25 de Dezembro de 2009, a 11 anos de prisão, encerrado num “centro de detenção” em Pequim, proibido de ler, escrever e de se comunicar com o seu advogado e com Liu Xia, sua mulher. Porquê? Por ter publicado na internete uma carta onde reclamava a instauração do Estado de Direito na China. Em 24 horas esta sua Carta 08 (chamada 08 por ter sido difundida em 2008) teve 10.000 subscrições.

Dizem as autoridades de Pequim que “está intoxicado pelas ideias estrangeiras”. A razão da sua condenação foi por “incitar à subversão do Estado”!

Hoje, como nos tempos do leninismo e do estalinismo, o método é sempre o mesmo. A oligarquia comunista e as dinastias de “aparatchiks” repartem entre si o poder e o dinheiro. Esta classe de parasitas, exploram, no verdadeiro sentido marxista, o trabalho de milhões de camponeses pobres como Estaline o fez com os “Kulaks”. Este é um povo onde, como vimos, não existe liberdade de expressão nem liberdade religiosa.

Lembram-se de em 2008, em Sichuán, terem morrido milhares de crianças sob os escombros provocados pelo terramoto? Pois aí mesmo os membros do Partido levam uma vida regalada com automóveis de luxo comprados com os fundos destinados à reconstrução dessas escolas.

No ocidente, alguns perguntam-se sobre se a China é verdadeiramente comunista. Como se perguntam sobre o regime leninista e estalinista, afirmando, alguns, de seguida, que esse não é o verdadeiro comunismo. Então, qual será? O da Coreia do Norte? O do Cambodja, sobretudo o do regime de Pol Pot, que eliminou 10 milhões de pessoas em cerca de 5 anos? O de Cuba?

Segundo o economista chinês Mao Yushi, dissidente sob vigilância mas em liberdade, calcula-se em 50 milhões o número de vítimas directas do Partido Comunista Chinês, desde a Revolução de 1949 até 1979, o chamado Ano das Reformas: guerra civil, execuções e fome organizada. A partir de 1979, Mao Yushi contabiliza, em 30 anos, 200.000 vítimas pelo regime: execuções, repressões e mortes nas prisões.Os dirigentes caídos em desgraça jubilam-se dos seus postos de comando e… já não são julgados nem, muito menos, assassinados.

Fiquemos com o desabafo de Liu Xia, mulher de Liu Xiaobo (agora posta a prisão domiciliária):

“Nós, os democratas (chineses) somos como os judeus na Alemanha nazi. Somos exterminados perante a indiferença generalizada dos ocidentais. Acordareis quando já tivermos desaparecido!”



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