Henrique Raposo (www.expresso.pt)
10:13 Sexta-feira, 11 de Junho de 2010
I. Portugal prestou, finalmente, homenagem aos nossos homens que combateram nas guerras africanas. E António Barreto disse tudo sobre este assunto: Portugal tem de ter maturidade democrática para respeitar aqueles ex-soldados, que deram tudo pelo seu país . Ou seja, Barreto deixou uma mensagem clara, e que é rara na cultura política portuguesa: o país está antes dos regimes. Os regimes vão e vêm, mas o país fica. Sim, o regime salazarista era autoritário e estava fora do tempo. Sim, aquela guerra foi uma idiotice política. Mas estas análises políticas não podem pôr em causa a dignidade dos portugueses que lá combateram.
II. Os nossos ex-soldados incomodam muita gente. É natural. Incomodam uma esquerda que fez uma descolonização desastrosa. Incomodam uma direita que defendeu a ideia do Portugal pluricontinental. E, depois, fazem relembrar o assunto dos retornados, que continua a ser um tema tabu em Portugal. Sim, são incómodos, mas estes homens não podem ser desprezados. Estes homens merecem a nossa consideração. E não, não estou a falar de subsídios. Estou a falar da moeda mais forte: o respeito.
III. Sobre este assunto, convém ver o filme "20.13", e convém ler o livro "As guerras coloniais portuguesas e a invenção da História" (ICS), de Luís Quintais . Se a minha memória não me falha, este livro foi o primeiro contacto académico com o mundo dos ex-combatentes.