AS TRÊS PREOCUPAÇÕES DE JESUS
Lendo os Evangelhos com atenção, facilmente nos damos conta de que as três coisas que mais preocuparam Jesus foram:
1) A saúde das pessoas.
2) A comida das pessoas.
3) As relações humanas de todos com todos.
A prova mais evidente de que estas foram as três preocupações fundamentais de Jesus está no facto bem claro de que os Evangelhos se ocupam constantemente destes três temas. É disto que os Evangelhos mais falam. Jesus curava doentes, tomava parte em comidas e falava desse assunto com muito mais frequência do que imaginamos, e referia-se constantemente às relações de uns com os outros.
É determinante que nos demos conta de que os Evangelhos falam mais destas três coisas do que da oração, da religiosidade, do culto…E mais, quando Jesus se refere ao Pai do céu, é para justificar as suas três grandes preocupações.
Que significa isto? Ao proceder assim Jesus revela-nos como é Deus e o que agrada a Deus. O Deus que se nos revela em Jesus é o Pai que se preocupa, antes de tudo, pela saúde e bem-estar de todos os seres humanos. Que se preocupa, além disso, pela alimentação de todos. E que se interessa, antes de tudo, pelas boas relações de todos com todos. A saúde, a alimentação, as boas relações com os outros, são as primeiras preocupações de todo o ser humano. Por isso posso afirmar que, quando falamos da Incarnação de Deus, o que na realidade estamos a dizer é que Deus se fundiu e confundiu com o humano. De tal maneira que encontramos Deus humanizando-nos, ou seja, sendo cada dia mais humanos, mais sensíveis a tudo o que é humano.
Estas três preocupações teriam que ser as três preocupações da Igreja. Queremos e necessitamos duma Igreja mais humana, mais interessada por aquilo que preocupa todos os homens, pertençam a que cultura pertencerem, tenham a religião que tiverem, militem em que opção política militarem.
A Igreja continua obcecada com os seus dogmas, as suas normas, os seus poderes e as suas cerimónias…Tudo isto é bom contanto que, através destas coisas, a Igreja nos faça a todos mais humanos, melhores pessoas, mais respeitadores, tolerantes e próximos do sofrimento de todos os homens.
Só uma Igreja assim terá futuro.
José Maria Castillo
(tradução de Arsénio Pires)