(Meditando perante Meninos e Meninas da rua)
Onde nasces hoje, Jesus?
Onde fica Belém?
Onde está o presépio?
Onde te agasalham Maria e José
com os paninhos do Amor?
Jesus, diz-nos por que razão
não tens tu, hoje, um presépio
e estás assim nu e gelado
remexendo nas lixeiras
pedindo uma moeda nas esquinas
ou limpando pára-brisas
sob o calor ou sob o frio
até que a noite caia sobre ti?
Jesus, diz-nos por que razão
te roubam assim a infância
e os herodes dos nossos dias
continuam sempre impunes
a querer eliminar-te?
Jesus, diz-nos por que razão
não se nos comovem as entranhas?
Jesus, diz-nos por que razão
não escutamos o teu choro?
Porque não te agasalhamos
com os panos do nosso amor?
Jesus, diz-nos por que razão
te querem pôr fora das cidades
e importar um Pai Natal barrigudo
com um sorriso cansado
carregado de presentes
para os que já têm tudo na vida?
Jesus, diz-nos por que razão
não nos aproximamos,
como os pastores,
do teu presépio nos semáforos?
E porque não te fazemos hoje
uma manjedoura,
já que nas nossas Beléns
não há lugar para ti
nem enxoval?
Fá-los-á o nosso Amor?
Onde nasces hoje, Jesus?
Onde choras?
Onde chamas por nós?
Onde esperas por nós?
Arnaldo Zenteno S.J.
(Na Celebração do Natal das CEB. 23.12.09).
(tradução de Arsénio Pires)