2011-11-22
Arsénio Pires - Porto
Meus caros:
Este post do Castro, bem certeiro e diagnóstico perfeito do muito que se passa nesta pobreza-riqueza do nosso país, levou-me, embora por outro caminho, a redigir este grito de revolta.
Porra! Até já os explorados por esta roubalheira planetária dizem:
- Pois! Andávamos a viver acima das nossas possibilidades… Agora temos que pagar!
Esta nossa propensão para a auto-culpabilização e flagelação é confrangedora!
Mas quem é que andava a viver acima das suas possibilidades? Se isso pode ser verdade para alguns, acaso é verdade para todos? Para a grande maioria?
Para os reformados que trabalharam toda a sua vida e a agora se vêem roubados de grande parte da reforma com que contavam para acabar os seus dias mais ou menos amparados?
Para os jovens sem emprego que se vêem forçados a carregar a mala às costas em direcção aos aeroportos de outros países?
Para os milhões que dum dia para o outro acordaram e acordam no desemprego ainda a meio da sua idade produtiva?
São estes os que consumiram e consomem acima das suas possibilidades?!
Será que aqueles que vivem do seu trabalho não têm direito a retirar o que puderem para o empregar naquilo que é fundamental: casa, meio de locomoção e comida?
Alguém me responde a esta pergunta:
- Por que razão muitos deixaram de poder pagar os seus empréstimos que os bancos tão generosamente ofereciam e lhes metiam pelos bolsos dentro?
Respondo eu:
- Não será que o fizeram porque os juros iniciais foram subindo exponencialmente, puxados pela usura daqueles mesmos que lhes emprestaram tão facilmente o dinheiro?
Não será que muitos empresários avarentos e desprovidos de qualquer valor ético foram deitando para a rua do desemprego milhares e milhares de trabalhadores para manterem os seus objectivos de lucro sempre em crescendo de ano para ano?
Acaso esta crise não rebentou quando os pobres deste planeta deixaram de poder pagar as prestações aos donos do dinheiro e estes se viram entulhados nos jardins das suas casas com o lixo que eles próprios quiseram e ajudaram a criar?
Mas quem é que viveu e vive acima das suas “legais” possibilidades? Foram os milhões de pobres deste planeta ou a meia dúzia de ricos que enchem as páginas da revista “Forbes” e são donos desta Casa que deveria ser de todos?!
Quantos pobres são necessários para fazer um rico? Alguém sabe?
Nada temos contra os ricos, contra os ricos que são honestos, que põem a sua riqueza ao serviço dos outros. Interrogamos, sim, os ricos desonestos! Desonestos porque figuram nas listas dos maiores possuidores de bens à custa da fome e morte daqueles que pouco ou nada têm.
E nós, em Portugal, temos alguns que figuram na Forbes!