2012-12-20
Antonio Manuel Rodrigues - Coimbra
Recebi, li e venho apreciando a Palmeira de Dezembro. Sem fazer nenhuma recensão crítica ou pretenciosa apreciação literária, deixem-me que pessoalmente destaque:
- Como cereja no cimo do bolo, aquele instatâneo fotográfico em que dois rapazes, há pouco desmamados, envolvem tão jovial e aconchegadamente aquele esquisito reservatório e o seu adivinhado conteúdo tão raro e precioso. Será que, precoces e atinados, repentinamente mudados do leitinho materno para o apaladado néctar, eles nos querem dizer ser aquele o ano da boa notícia de seu nascimento? Dificilmente acredito mas, se for o caso, oxalá conservem por muitos anos a boa saúde que aparentam, pelo menos enquanto forem os bons rapazes que nós conhecemos.
- Como ouro de outro quilate (de um modo muito pessoal, insisto) o texto O Lápis, da autoria de Sylviane Rigolet. Com modéstia e admiração, respeitosamente a saúdo. Não a conhecendo a ela, julgo que o Barros será um condiscípulo dois ou três anos anteriores ao meu, o de 1959.
Continuando num registo pessoal, nenhum dos outros autores me merece menor consideração, ainda assim:
- Uma natural e saudável inveja para com os poetas e todos os outros artistas, os da música, do desenho e da pintura, os da representação, etc. Para me explicar, aproveito-me daquilo que julgo ser da autoria de Mário de Sá-Carneiro e dum modo muito próximo diz: Ah divino tocador de harpa, se eu pudesse beijar teu gesto sem beijar tua mão.
- Alexandre Gonçalves, aprecio muito o teu texto: Natal - Um regresso à Infância - onde quero ver, nos primeiros períodos, um homem inquieto, informado, racional mas afectivo e, para o fim, o regresso comovente da criança da qual necessariamente nos vimos afastando mas reparando nela quando carece de afago e protecção.
- O conto do nosso querido professor, Luís Guerreiro, Prefeito quase perfeito encantou-me e surpreendeu-me. A vice-versa também é verdadeira. A afabilidade, o sorriso franco e a disponibilidade conheci-lhas e lembro-as. Este pendor um pouco marginal, algo subversivo, agrada-me. Bem-haja por mais esta lição. Fico contente por, envelhecendo, ainda ter a oportunidade de ir aprendendo coisas novas com amigos antigos.
Finalmente, lamento o desastre de ter andado arredio durante tanto tempo. Ainda bem que regresssei. Fico agradecido pelo convívio e pela amizade. Todos nós sabemos ser maior e melhor o que sentimos do que o quanto conseguimos dizer.
Um abraço fraterno e um bom Natal para todos
António M Rodrigues,
PS: Ainda não li o Acordo Ortográfico e não sei quando o farei.