E AQUELES QUE FICARAM
Hoje eu quero chorar a minha ausência. A que me impões. Tu designas, tu escreves, tu marcas dias 13, e terças feiras e quintas feiras e longe e perto e além, sem que me dês oportunidade de estar presente, abraçar-te, sorrir e rir dos nossos tempos-menino, dos nossos tempos de meninos.
Hoje eu quero chorar a minha ausência. Tu excluis-me, tu foges, tu não proclamas os hinos do meu ir.
Hoje tu não falaste aos meninos da minha carteira; àqueles, que uma década ou duas depois de ti, subiram os mesmos trilhos do mesmo tróley, o mesmo portão triste de uma casa triste, a mesma escuridão de um final feliz.
Hoje, eu verto lágrimas e dor pela minha dor.
Mas...amanhã?! Amanhã... eu não chorarei a minha ausência.
Apenas a tua!...
Parece que a dita de Monção vai ser repasto para ser lembrado e falado durante muitas luas pois o Alto Minho marca e de que maneira.
O Martins Ribeiro andava preocupado com a abstinência dos comensais costumeiros mas já mandou juntar a cabeça do anho para eventuais falhas de substância, tal parece ter sido a resposta ao repto que soube lançar aos ventos dos sentidos.
Estes cenários cirúrgicos que o Ribeiro tão bem escolhe não dão margem a negas e se o S.Pedro ajudar vai ser um consolo de alma, tão bem que o corpo vai ficar.
Terra de bons vinhos verdes de aromas cativantes, a amesendação fica perfeita em Monção com os sápidos assados em fornos lentos de lenha, onde a suculência das carnes do anho exala cheiros ávidos de prova.
Bem, não vou falar mais na coisada pois "Foda à Monção" é de se lhe tirar o chapéu.
Venham cheínhos de tentações gástricas promíscuas, que as travessas vão dar pano para consolos iníquos onde a desbunda saberá exaltar os prazeres da carne criada nas serranias batidas pelo Norte.
E lá estou eu a dirimir desejos...
Vem aqui o Alexandre, num belo e filosófico texto, perorar sobre o abstracto e, como se diz em direito -creio eu- “quanto aos costumes disse nada.” E tal era importante: nem disse ele nem ninguém, a não ser o Assis que, ao menos, foi franco e sincero:
— não contem comigo para a dita de Monção porque, (pasme-se), vou para Barcelona.
Viva o luxo, digo eu!
Parece-me que, pelos vistos, ninguém está disposto para a função programada nem sequer para aí virado. Por isso e a propósito, vou contar-vos uma história verdadeira sobre o dito trabalhinho que vos seria posto gratuitamente diante da focinheira, para não dizer da tromba.
Era eu pequeno e, por alturas da Páscoa, estava em plena praça Deu-la-deu de Monção um indivíduo á fala com uma distinta e respeitada senhora da sociedade daquele tempo, afirmando-lhe convictamente:
— a senhora esteja descansada que eu vou arranjar-lhe uma boa “foda” e vai ver que vai ficar satisfeita.
Passava então nesse momento pelos dois interlocutores o Delegado do Procurador da República, magistrado quase sempre doutra região do País, e ao escutar tal destempero de linguagem e julgando que o cavalheiro estivesse a faltar ao respeito a tão distinta dama, interpelou-o com dureza e rematou com decisão:
— o senhor está preso por atentado ao pudor!
O homem, atrapalhado, lá foi explicando ao magistrado que a “foda” de que ele estava a falar não era outra coisa senão o anho da Páscoa, conhecido por essa bizarra designação e que ele, como comerciante dono de um talho, procurava apenas prestar o melhor serviço aos fregueses. Confirmado tal facto pela madama ficou sanado, dessa forma, o equívoco.
Bom, e então lá terei eu de fazer o mesmo no local escolhido para o repasto. Vejo-me obrigado a ir dizer á Natali, filha do dono do restaurante e que nasceu em França:
--minha senhora, eu tinha-lha pedido que se aprimorasse na “foda” mas, afinal, parece-me não ser preciso porque aqueles com quem eu contava para dela desfrutarem se estão nas tintas e não querem saber dela, dando a ideia de que andam de papo cheio.
Ó companheiros, deixai-vos de silêncios e de filosofias e resolvei-vos porque, como muito bem diz o Peinado, é um sacrilégio perder tão delicioso pitéu!
Quer partilhar alguma informação connosco? Este é o seu espaço...
Deixe-nos aqui a sua mensagem e ela será publicada!