A QUINTINHA DO ASSIS
Passei hoje á tarde pelo bucólico refúgio que o Assis erigiu na aldeia de Cabanas em Orbacém. Lá apareceram também o companheiro Barros e o Presidente Vieira. Digo-o sem hesitação, porque é notório e sentido, que esse local é um recanto do paraíso, onde recendem flores, onde medram variados frutos, onde canta o cuco e o noitibó. Um verdadeiro Olimpo onde nos sentimos deuses, um bíblico Tabor onde nos transfiguramos com a beleza e a paz.
É uma quintinha gira e aconchegada, com um belo tanque de água fresca, muitas árvores que crescem á medida da Natureza, espreitada do horizonte fronteiro pelas corcovas da serra de Arga a confinar em perfeito mano a mano com o seu vizinho mar. Melros de bico amarelo, pica-paus de crista vermelha, rouxinóis e pintassilgos e toda a casta de passarada que por ali volteia em genuína liberdade usufrui e se farta num opíparo e gratuito banquete. Na verdade, o bodo não será assim tão de graça porque o Assis é pago com a sinfonia dos seus trinos e gorgeios que a toda a hora, sobretudo ao romper do dia, lhe deleita os ouvidos.
Acedendo a amáveis convites do anfitreão que muito me honraram já por lá passei várias vezes e pude conversar com outros companheiros, entre os quais sobressaíram o Guerreiro e o Padre Boursicaut; mas o que me levou lá hoje foi o aceno com os dióspiros a que não pude resistir porque eu sou um lambão dessa esquisita fruta. E então, como a proibida árvore do éden, sobressaía por entre fambroesas e fisalis de fruto encriptado nos seus casulos de mistério, por entre arbustos e flores, um quase desfolhado diospireiro, carregado de carnudos frutos cor de fogo, de muitos fogos, mais ardente de todos o do Amor, também a cor do ocaso no crepúsculo da vida. Ah! Pude então verificar que os dióspiros do Assis não têm igual! E ali mesmo, debaixo dos galhos despidos dessa árvore, eu e o Vieira nos lambuzamos despudoradamente com a polpa daquelas maçãs do Paraíso terreal, mais suculenta e doce que maminhas de garota.
Vale a pena desfrutar de tão abrangente bucolismo, por isso e para fugir ao bulício da vida não há nada como experimentar tão inesquecíveis sensações.
O Assis é um privilegiado!
O caro Martins Ribeiro encheu-me o coração de contentamento com este seu belíssimo post. É impossível dizer mais e melhor!
Até o nosso querido e tão injustamente esquecido Pe. António Vieira foi aqui trazido por si a dar tão bela achega à famosa questão que agora ocupa.
A sua equação está quase perfeita. Talvez os tais ditos cujos cacarás sejam menos de 300.000… não?!
OBRIGADÃO!
Para ti, meu grande amigo Assis, vai a promessa de um dia te visitar na tua “aldeia”! Até porque Diospiros tem a ver com o "Fogo dos Deuses", sendo que "piros" me faz lembrar "pires" que levo "aceso" como apelido!
Sempre atento, vais valorizando todas as intervenções naquilo que de positivo elas têm.É sempre bom ler-te!
Hoje rejubila a comunistada. Cantam por aí, discursam, botam números falsos de falsos aderentes à greve. Encantam-se com o seu próprio desencanto. E no fim do dia, refastelados no sofá vermelho de suas casas, ralhando com a mulher porque demora a trazer-lhe a cerveja (bem fria, oh mulher), julgam-se com o dever cumprido.
Portugal virou assim: de mentalidade triste e destrutiva. Portugal é assim: em cada cidadão, uma mente comunista, de não fazer, de não ir, de não querer, de NÃO. Em cada jovem há um reformado, em cada dia útil, um fim de semana, em cada mês o mês de férias. Há sectores da função pública onde os funcionários, no dia em que tomam posse, logo começam a fazer as contas para o dia da aposentação.
Não gosto disto, não gosto de comunas, não gosto de quem não se empenha no País, na produção de riqueza, no esforço colectivo, na sua própria realização até à plenitude.
Não endeusem os pobres não, endeusem os ricos, aplaudam-nos, tragam-nos ao colo, valorizem-nos porque a eles se deve, a eles devemos o crescimento, a criação de riqueza, os tributos que caem no erário público.
Deixem-me lembrar-vos aquela estória que se conta acerca de Otelo Saraiva de Carvalho: era ele membro do Conselho da Revolução e estava reunido na Suécia com o Governo sueco. Ele diz, fanfarronando, "nós em Portugal estamos quase a acabar com os ricos"; responde-lhe o sueco: "Oh! que é isso? nós aqui queremos é acabar com os pobres".
Deixem-me também lembrar-vos que o dia 25 de Abril de 1974 foi o dia mais belo da minha vida; e continua a ser.
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