2011-12-01
A.Martins Ribeiro - Terras de Valdevez
Embora esteja de alma e coração com as ideias e preocupações do Arsénio no que concerne aos ricos pois eu próprio não tolero os ricos, também vou pelo Aventino porque os conceitos que exara são verdadesiros e incontornáveis. Contudo, suponho haver aqui qualquer atrito entre considerações que não bate certo, o que para mim é por demais evidente.
Ricos? Estou farto de o dizer, nada tenho contra eles nem nada me acirra a dentuça para os tentar ferrar e já sei qual é a pedra no sapato: nada mais nada menos que o próprio conceito do que é um homem rico.
Se falarmos daqueles que se tornam ricos á custa do seu trabalho, da sua inteligência, do seu humanismo que os leva a compartir com os colaboradores parte do sucesso que conseguem, então aí estou plenamente em sintonia com o Aventino, e essa gente é bem-vinda, faz falta e, podem crer, ninguém os irá hostilizar ou combater. Mas não é desses ricos que se está a falar e aos quais o Arsénio se refere, porque esses enriquecem a sugar os outros seres humanos, em nada os ajudam e apenas lhes sugam os parcos frutos do seu esforço e trabalho. São como os piolhos parasitas, os chatos, os nematelmintos que se agarram ao desgraçado hospedeiro produzindo infestações epidémicas. São os ladrões, os calaceiros, os madraços, os bem falantes, os judeus usurários e somíticos, os vigaristas, os fariseus e a ralé dos chamados políticos: tudo abocanham, tudo rapinam, esfomeados, com agressão, com arrogância, com despudor, com achincalho, sem justiça, sem qualquer laivo de comiseração.
Os primeiros são, na verdade e como bem diz o Aventino, aqueles que tudo fazem para eliminar os pobres, no sentido da solidariedade e do progresso, enquanto os segundos estiolam os povos necessitados e indignam as pessoas honestas. Em cima desta canzoada medonha caia o ferro da revolta e, no pouco que possa, sempre os irei abominar com todas as forças. Porque, a mim não interesse tanto, mas estão a mirrar e a chupar o sangue dos meus filhos e netos, meu próprio sangue.
Compreendo perfeitamente o arrazoado do Arsénio que quase me tirou estas palavras da caneta pois se antecipou na resposta ao seu interlocutor, como constato agora ao enviar este meu texto: estou com ele com toda a convicção, desejando ardentemente que a utopia do Aventino se possa algum dia realizar.
Como diria um bom revolucionário, morte, não aos verdadeiros ricos, mas aqueles que enriqueceram através do roubo.