fale connosco


2013-09-27

José de Castro - Penafiel

Hoje sexta feira dia 27 de Setembro o dia está um sonho.

Chovem raios e troviscos aqui no Porto. Já tive o cuidado de ligar para Sabrosa e o cenário é semelhante. Não fazem ideia da satisfação que me vai na alma por este pequeno temporal que se abateu por TERRAS DE OURO.

O que acontece é que as videiras que dão alma à caligrafia com que se escreve o romance que é servido a todo aquele que visita o Douro, essas quase torgas que a tudo resistem, já nem da noite conseguiam beber. A sede era tanta que num desespero canibal estavam já a alimentar a beleza das rendas verdes que ostentam, à custa dos bagos que iam mirrando.

Porque o dia está um sonho, mas também porque quase todos estão amodorrados, talvez à espera do acender das lareiras para se aboborarem em cima de um "escanho" se forem do Norte, ou então num sofá mais fofo mas certamente menos confortável para os restantes, venho aqui ao nosso sítio falar do nosso Encontro.

No que toca à organização liderada pelo Diamantino e pelo Belmiro, SE ESTIVESSE MELHOR, ESTAVA MAL. Mesmo eu que andava relativamente informado das diligências em curso, nunca acreditei que fosse possível visitar o Espaço Torga. Poderão alguns pensar que foi coisa de pouca monta, mas se os há, creiam que foi brilhante e fez de nós especiais, o simples facto de ter-mos percorrido as diversas salas desse espaço acompanhados por um representante da Câmara de Sabrosa. Esse monumento à memória de Torga, por lá continuará à espera de melhores dias.

Das refeições nem falo pois seria para ficar já a salivar.

Mas falo dos que não vieram. Dos que não estiveram sentados connosco à mesa. Dos que perderam um dia de retratos memoráveis. Dos que perderam os saberes do Pacheco que tinha a certeza que estaria presente. Dos que gostariam de ter ido mas por vicissitudes várias não puderam estar presentes. Dos que poderiam ter ido mas essa deslocação obrigava a alterar a rotina e comodamente se deixaram ficar. Dos que não Cantaram o "VIVAT". A todos esses não posso dizer que não se notou a sua ausência. TODOS ESSES COLEGAS FIZERAM FALTA.

Esses perderam uma viagem à velocidade de vinte à hora que é a única forma de ver o "REINO MARAVILHOSO" nas palavras do Torga. Passamos nas fraldas de Provezende. Não era oportuno entrar, mas para os que puderem voltem lá, saiam do carro e deslumbrem-se com o que resta de um passado de glória, das famílias proprietárias daqueles vinhedos, mas também com eles.

Passamos a Quinta da Cavadinha imortalizada em "A VINDIMA" do Torga. Logo abaixo encravada na encosta a aldeia de S. CRISTÓVÃO. Vão lá os que foram e os que não puderam ir, mas entrem na aldeia, estacionem o carro e vejam como somos pequenos face à grandeza da paisagem circundante.

Não paramos no Pinhão. Mas se lá voltarem, os que passaram ou os que não puderam ir, entrem com o carro para o cais de embarque, estacionem e façam a pé o percurso até à ponte, subam à estrada, entrem na estação e voltem ao cais a pé por onde tinham entrado de carro. 

Já na outra margem paramos no Tedo. Já muito foi dito sobre a beleza do local, mas poucos dos que lá estiveram a viram. Não chega passar pelas instalações da quinta. Isso está bem para aperitivo mas quem não atravessar o Tedo e subir um pouco, de preferência a pé com uma câmara para registar o momento, não viu nada. Voltem lá quer os que foram quer os que não puderam ir. Se olharem com atenção dali podem ver a Quinta do Crasto. Quem sabe, até ganham coragem para ir mesmo ao Crasto na outra margem e a partir dali saborear outro ângulo da paisagem e do Tedo. Para estes, o melhor caminho, porque é o mais belo, é descer de Gouvinhas para o Ferrão.

Párem logo à frente do Tedo, no restaurante DOC, do chefe Rui Paula e tomem um café na esplanada junto ao rio. EXIJAM OS BOMBONS DE ACOMPANHAMENTO PARA O CAFÉ. Pelo menos quatro por cada café. Depois paguem o café e náo acharão caro.

Meus amigos por agora chega. VOLTAREMOS E DE PREFERÊNCIA MUITOS MAIS. JUNTOS CANTAREMOS O "VIVAT" (que até nem esteve nada mal...)

2013-09-27

Jose Manuel Lamas - Navarra-Braga

Um companheiro passou por Gaia

E pelo Peinado perguntou

Alguém respondeu que caiu na gandaia

E que o Peinado emigrou.

2013-09-26

Arsénio Pires - Porto

O silêncio chegou a esta página!

Talvez que a meditação sobre "em quem vou votar" seja responsável.

Peço licença para o preencher com esta verdade:

“Não estamos em condições de nos salvar a nós próprios, sobre isso não restam dúvidas. Falamos em democracia, mas ela é apenas a expressão política para um estado de espírito caracterizado pelo «Pode ser assim, mas também de outro modo».Vivemos na época do boletim de voto. Até votamos todos os anos no nosso ideal sexual, a rainha da beleza, e o facto de termos transformado a ciência no nosso ideal intelectual não significa mais do que pôr na mão dos chamados factos um boletim de voto, para que eles escolham por nós. Este tempo é antifilosófico e cobarde: não tem coragem para decidir o que tem ou não tem valor, e a democracia, reduzida à sua expressão mais simples, significa: Fazer aquilo que acontece! Diga-se de passagem que é um dos mais desonestos círculos viciosos que alguma vez existiu na história da nossa raça.” 

Robert Musil, in O Homem sem Qualidades

2013-09-24

Arsénio Pires - Porto

1- As Edições RIVUS estão de Parabéns!

O Martins Ribeiro já nos habituou à excelente qualidade dos vídeos com que tem retratado os nossos Encontros Nacionais. Desta vez, ele superou tudo indo muito mais longe em técnica e qualidade de imagem e som.

De realçar a voz de fundo que nos ia informando do início dos diferentes takes. Uma voz muito bonita e, pareceu-me, bem profissional.

Esperamos que a edição aumentada entre no "mercado"!

Grande abraço para ti, Martins Ribeiro


2- Espero as melhoras do Davide. Dias antes do nosso Encontro Nacional, ele telefonou-me para me comunicar que não poderia estar presente por motivos de saúde: hipertensão súbita. Afinal, o pior confirmou-se e surgiu-lhe o AVC, espectável nestas circunstâncias de hipertensão alta e descontrolada.

Mas ele vai recuperar!

Força, Davide!

2013-09-24

alexandre gonçalves - palmela

ROTA D(E)OURO II: S. Leonardo da Galafura 

 

Dez dias depois, pedi aos olhos que dessem a mão às palavras. De tão frágeis, comovem-se e alteram-se. Coram perante o esplendor da paisagem e recolhem-se no silêncio, esperando que o tempo abrande a intensidade da luz e da cor. Como quem se afasta um pouco , só para ver melhor. Para focar melhor a câmara. Para filtrar um olhar, um rosto, um rio, ou um simples ponto de exclamação. As doces palavras são tímidas, donzelas de iniciação, apetecíveis  promessas de futuro. Pouco a pouco, aqui e além, começam a aflorar na solidão do espaço branco. Só então vale a pena tentá-las, provocá-las e pedir-lhes que digam, por forma a evitarem gritinhos e leviandades.

Comecemos pelo promontório de S. Leonardo. Os ouvidos estão carregados de torgas, pequenos arbustos que se infiltram pelas costuras das pedras. Agarram-se ao áspero chão, formando grossas raízes, como que para resistir à vertigem do rio. A mão feminina que passa não resiste ao gesto de cortar um pequeno ramo, para mostrar a respectiva identidade. Os ouvidos atentos podem agora entender quem esteve ali, quem ali gravou em azulejo textos de pedra, de água e vinhedos. Textos de eternidade, porque foram colhidos em deslumbramento. Estamos a ver o DOURO pelo olhar de espanto de Miguel Torga. E podemos agora compreender donde lhe vem o nome. Miguel, porque é ibérico e porque dos seus textos se vê o mundo todo. Torga, porque tem raízes austeras, que perfuram a terra que habita. Árvore centenária, de flancos expostos aos ventos, que nenhum vento derruba. Numa imanência telúrica, de identidade e diferença, onde radica todo o sentido da existência.

Este Douro é ouro puro. Estas pedras são tão líquidas como as águas azuis, que lá nos fundos das montanhas rebrilham de frescura e fecundidade por estas encostas acima. E nos socalcos, penteados em cordão, as uvas desfazem-se em sangue, amorosamente recolhido em taças sumptuosas, que o grande rio leva à mesa dos príncipes. E esta rota de setembro abre-nos o livro da idade onde em cada página se lê: VIVER. Não há outra saída airosa. Viver até ao limite das forças, dando a cada célula em pânico a ilusão da esperança. Existir é um jogo. Alguns ganham frequentemente, e são felizes. Outros perdem sistematicamente, e são infelizes. Mas, a ganhar ou a perder, nenhum bem se compara ao de acordar de manhã e aninhar os olhos na paisagem do mundo (M. Torga, Diário XIV). Do mundo, que é este reino terreno, até onde a palavra der. Até onde as forças o consentirem. Onde não há lugar para a resignação, para a lamúria, para a postumidade. É proibido morrer e ficar depois a contemplar-se piedosamente, como num velório. Dói ser homem mas não se é homem sem luta. Estes vinhedos, que trepam pelo tempo acima, que documentam a guerra civil entre o homem e a natureza, até chegar a esta polifonia de ritmos, de frutos e de cores, mostram como se deve construir o sentido. Não -nos foi dado. É-nos exigido que o construamos. O homem não nasce feito, tem que se fazer. Como se faz uma vinha. Como se constrói uma casa. Como quem tem pressa de viver, para atingir a lentidão da sabedoria.

Acabemos pelo barco de pedra de S. Leonardo. Entremos no esplendor líquido das águas. Torga é o homem do leme. Vamos descer o rio até onde a vida nos levar. O outono chegou às cidades. Saibamos que tudo está a prazo e que só um bom combate  nos permite acordar em outubro para a infinita beleza do mundo.    

Quer partilhar alguma informação connosco? Este é o seu espaço...
Deixe-nos aqui a sua mensagem e ela será publicada!

.: Valide os dados assinalados : mal formatados ou vazios.

Nome: *
E-mail: * Localidade: *
Comentário:
Enviar

Os campos assinalados com * são de preenchimento obrigatório.

Copyright © Associação dos Antigos Alunos Redentoristas
Powered by Neweb Concept
Visitante nº