2013-12-23
manuel vieira - esposende
Passei a tarde a fazer rabanadas à moda da Póvoa de Varzim, as rabanadas poveiras, pois é fazendo que melhor se aprende. Estas rabanadas ganharam tradição naquela cidade e é costume fazer-se por esta altura um concurso patrocinado pela autarquia e dizem-me que são feitas com pão de trigo, chamado de molete ou bijou, que depois de aparado lateralmente é encharcado em leite que já foi aromatizado com o pau de canela e raspa de limão e bem adoçado, passando por ovo batido e depois mergulhado em óleo fervente. É uma tarefa simples e que responde ao circuito normal da confeção de rabanadas, podendo otimizar-se com um ou outro acrescento. Depois de enxutas em papel absorvente, são polvilhadas com açucar e canela, a que adicionei raspa de lima.
Natal é isto também e no final as minhas rabanadas tinham aspeto de bolas de Berlim, a que poderia adicionar qualquer recheio, nomeadamente um doce de chila, tornando-as mais substanciais.
Já aconchegado teclei no facebook e encontrei um conteúdo curioso sobre a noite de Natal em Malcata, com uma fogueira que teria de ser mantida toda a noite até ao nascer do sol pelos rapazes da aldeia, os mancebos, que usavam de formas diversas de pressão para que os residentes fornecessem todo o alimento para a fogueira, Obrigado Nunes por essa referência.
O Natal tem contos e histórias, tem costumes e fortes tradições locais e cada um de nós não as esqueceu de certeza, mas já não temos forças na alma para contá-las a ninguém, até porque se apagaram já as lareiras que aqueciam as conversas dos nossos avós.
Pena tenho de não vos ter por perto para vos dar a provar as tais rabanadas poveiras, mas quem teve a sorte de lhes sentir a textura e o sabor mostrou aprovação.
Uns dias antes da noite penso que até sabem melhor, apreciadas num contexto de saudade, sem os excessos da mesa cheia que ainda vai invadindo a ditosa noite.
A minha avó fazia sempre uma travessa de rabanadas e usava o vinho verde tinto com açúcar e canela em vez do leite, dando-lhe a ligeira acidez adoçada pelo açúcar amarelo e ao lado encostava sempre os pratos de aletria com o riscado da canela cheirosa que extasiava os apetites da teimosa penúria.
Por isso meus amigos, o Natal tem aromas ímpares das velhas cozinhas das nossas avós e que as tradições enraizadas não deixam abrandar naquela noite fria.
Por outras tradições amigas deixamos mensagens natalícias de BOAS FESTAS e vou mais uma vez afirmar essa tradição.
Festas muito Felizes e um ano novo com prosperidade para todos os meus amigos, são os meus Votos sinceros.