2014-02-28
A. Martins Ribeiro - Terras de Valdevez
Anda, dá-me a tua mão e vem comigo
Que quero revelar-te os meus segredos,
Lembrar-te tudo que passei contigo
Contar-te os meus receios e os meus medos.
Aquilo que foi riso e foi castigo
As horas tristes e os instantes ledos.
Assaltou-me a saudade nesta altura
Rondando muito perto a sepultura.
De tudo aquilo que sei:
Não vou ler-te o livro inteiro
Mas sim de modo sucinto
Dizer-te as coisas que sinto
No meu coração, primeiro:
Umas palavras pequenas
Só três palavras apenas;
E elas são,
“Sempre te amei.”
Ao teu lado cresci, fomos brincando,
Tinhas tranças morenas com lacinho,
E olhos vindos do céu, de contrabando,
Que alumiavam o chão do meu caminho.
E outros novos sentidos devassando
O tempo foi correndo de mansinho.
Agora esse mundo que foi meu
Sinto que todo ele se perdeu.
De tudo que me lembrava,
Não vou ler-te o livro inteiro
Mas sim de modo sucinto
Dizer-te aquilo que sinto
No meu coração, primeiro:
Umas palavras pequenas
Só três palavras apenas;
Nesse tempo
“Já te amava”
Surgiste mulher feita num momento
Fizeste amor comigo sem ter lei
E afastaste de mim o sofrimento
Nessa primeira noite em que te amei.
Soubeste adivinhar meu pensamento
E deste-me a verdade que sonhei.
Por fim, só me trouxeste a amargura,
Que me tornou a vida em desventura.
Nada disso reclamei
Nem vou ler-te o livro inteiro
Mas sim de modo sucinto
Dizer-te aquilo que sinto
No meu coração, primeiro:
Umas palavras pequenas
Só três palavras apenas;
Só dizer:
“Como te amei”
Hoje, na minha praia há só agrura
Porque tua barca teve de partir
P´ra cruzar outros mares de loucura:
Cuida que não naufrague em teu porvir.
Mas quando a luz do sol já for escura
E estiveres cansada de carpir
Pensa que estarei por ti a esperar
Até que tu decidas regressar.
De nada disso reclamo
Nem vou ler-te o livro inteiro
Mas sim de modo sucinto
Dizer-te aquilo que sinto
No meu coração, primeiro:
Umas palavras pequenas
Só três palavras apenas;
E porque eu
“Ainda te amo”
Arcos, Fevereiro de 2014