2014-08-13
Arsénio Pires - Porto
Desculpa, Ismael, e desculpem todos os colegas! Enquanto retirava intervenções de pessoas estranhas ao nosso site, safei sem querer esta intervenção do Ismael.
Felizmente, consegui recuperá-la. Obrigado pela vossa compreensão!
Ei-la:
Já actualizei a leitura do “fale connosco”. E, ao fazê-lo, senti-me sensibilizado por várias participações. De facto, quando se entra na carruagem não se pode sair em qualquer lugar, mas apenas numa estação, lugar de segurança e, onde se chega para cumprir um objetivo. Quando comunicamos, ninguém pode ficar indiferente, seja a dois, ou mesmo, com mais. Ficar indiferente poderá ser uma forma de comunicação, talvez um fechar a porta e não querer receber quem nos visita ou querermos negar a nossa existência diante dos outros.
Quando sou solicitado por alguém na rua não lhe viro a cara, mas tento responder a essa pessoa. Acontece que um texto que aqui alguém escreve também devia ter uma réplica e, assim, a cadeia comunicativa seria imparável. Cumpriria um certo Ideal de comunicação. A omissão comunicativa de tantos, interpreto-a como uma forma calculada e selectiva de estarmos na vida. É verdade que é um espaço virtual, diferente do espaço real, isto é, na situação de alguém me olhar nos olhos e, se for um conhecido ou um amigo, não lhe poder virar a cara. Aqui, neste espaço, dizemos apenas em espaço diferido, aquilo que apenas queremos e filtramos tanto de nós. O gesto comunicativo, aqui, é, em geral, mais consciente. Gostaria de responder a todos os textos neste lugar. Mas, na impossibilidade de o fazer, gostaria de vos dizer que, sempre que aqui venho, nunca fico indiferente perante a vida que os textos me comunicam. E o silêncio de tantas vozes, entendo-o como uma certa forma de desistência. Desistimos de tantas coisas e pessoas e, por isso, ficamos mais pobres; seguimos o caminho afastado do levita em oposição ao samaritano, porque, em geral, a opção do fácil continua a fazer o caminho da nossa vidinha. E é assim que desistimos dos amigos e, no final, desistimos de nós próprios. E, deste modo, pagaremos o nosso óbolo ao barqueiro.
Bem, tanta letra para dizer que
eu vou ao encontro e a Fátima também.
Um abraço para os resistentes.
Cada encontro pode ser um sinal
mais no coração de cada um de nós.
Ismael Vigário