2014-11-07
alexandre gonçalves - palmela
Ó Gloriosos Filhos da Palmeira!
Vinde e vede como é bom acreditar. Interromper por um dia os hábitos. Suprimir a poluição dos televisores, das internetes, e até, quem sabe, das próprias práticas da vida cristã. Há neste momento 25 inscrições confirmadas, para o magusto anunciado. Foram precisos oito escassos dias para se pôr a caminho. Para quê? Para uma caminhada azul de 1 hora. Sim, porque nesta paisagem o azul comanda o olhar. De um lado, um atlântico quase mediterrânico namorando a montanha. Do outro, uma lisboa invejosa, saturada de automóveis e ruídos, a pedir um dia de sossego. E entre eles, as 25 inscrições cheias de gente, que sonha, que ama, que ri e canta. O ar é tão leve que, até neste outono chuvoso e quase frio, convida os mortais a respirarem doutra maneira. Aqui o sol frequenta com paixão os múltiplos recantos da Arrábida, trezentos e sessenta e seis dias por ano. Quem um dia provou este clima e este magusto não hesita em repeti-lo. Mas há mais razões para esta escolha "inútil". Vejam a cena. Um alpendre virado a poente. Ao fundo, o verde carregado das casuarinas define a circularidade de horizonte. As aroeiras acrescentam mais verde, em contraste com o cinza pálido "de los olivos". Os cedros espalham um perfume bíblico em redor. E neste cenário de filme francês, estende-se uma ampla mesa de entradas, de vinhos, de sabores de época, afinados à grelha. (Falta aqui o teu verbo culinário, ó Vieira, mas paciência!!!) As SENHORAS vão-nos seduzir com sobremesas originais (talvez para nos compensarem das imensas privações de outrora), sem outro livro de receitas que não seja a bondade que há na imaginação criadora. Os cavalheiros já foram postos à prova com tudo o que se pode colher nos sagrados recintos gurmetizados: os figos secos, as nozes, as amêndoas, as romãs, os diospiros, e outros requintes que por pudor se não enumeram. Os ausentes não têm que sofrer a ausência dos nossos excessos. Por fim será o fogo e as genuínas castanhas da infância. Cada um pedirá à palavra a exaltação da hora e da mais sadia amizade que estes rituais suscitam. Os SANTOS de 1 e o S. Martinho de 11 farão de novembro um recolha de proventos espirituais, para os maus dias que nos ameaçam.
Um agradecimento a todos os que espalharam a notícia e motivaram os nobres filhos da Palmeira para mais este encontro de província. Não foi preciso recorrer aos estatutos, nem à verticalidade, nem às nomeações para sair da zona de conforto e da rotina. Abram alas que a gente passa. Isto é o melhor antídoto contra o caruncho da madeira. E o melhor caminho para alimentarmos colectivamente a vitalidade dos propósitos associativos. A grande urgência é não cedermos nem ao ócio nem ao mórbido perigo da inércia.