2015-03-17
A. Martins Ribeiro. - Terras de Valdevez
Este é, certamente, o texto que eu nunca quereria escrever mas já que a vida o proporcionou que poderei fazer? E, desta forma, aqui apareço neste sítio dos AARs, para lamentar o infausto acontecimento da morte do nosso companheiro e amigo António PEINADO. Quando entrei para a nossa Associação não conhecia mesmo nenhum dos seus membros e o Peinado era um daqueles cuja amizade pouco me dizia. Porém, certo dia um tanto mais difícil para mim dentro da Associação que decidira abandonar, recebi um inesperado e gratuito apoio desse inolvidável amigo que, para me dissuadir e dar ânimo, me convidou para o repasto de uma genuína “enguiada” numa das Gafanhas de Aveiro, onde compareci gostosamente na companhia também do Diamantino. Foi gesto que muito me honrou e que não mais esqueci, nascendo a partir desse momento e entre nós os dois uma arreigada amizade que, pelo tempo fora, se foi cimentando em tantos e tantos momentos de convivência, em tantos grandes e pequenos encontros, em tantos eventos que foram ocorrendo pelo tempo fora, nos quais o Peinado empunhava a batuta do hino da amizade, da boa disposição, da laracha, de grande companheirismo e da Alegria. Perdemos, a Associação e todos quantos com ele privaram, um indefectível amigo. Marcou-me hoje a missa do seu adeus, porque ela já fazia parte da saudade, tendo constatado que até na sua morte ele juntou a grande maioria dos companheiros. Tenho a profunda certeza de que este grande amigo deu entrada no maravilhoso paraíso chamado Céu, um mundo esotérico que só existe e se torna perceptível para aqueles que professam uma desmedida Fé e crêem na comunhão e perenidade dos Espíritos.
Vendo-te sentado no teu talhão aí do céu, ao lado daquele que me conseguiste vender, dirijo-me a ti, dilecto amigo, e peço-te que me trates bem dele para quando me juntar a ti o encontrar também agradável e bem cuidado. Dizias sempre, no fim das tuas cálidas prosas exibidas neste espaço, que voltarias. Todos sabemos que a partir de agora não poderás voltar nos termos que afirmavas mas, como já disse o nosso Presidente Né Vieira, não precisas de o fazer pois ficas sempre aqui entre nós. Dizem que quem morre acaba de vez, mas é um dito insensato e desmiolado pois quem morre nunca acaba e ficará sempre no coração de todos aqueles que o amaram. Vou terminar com o último terceto de um plangente soneto que também escrevi a propósito da defunção do meu irmão mais novo quando a Morte inesperadamente o arrebatou antes do tempo:
Grande amigo, enquanto andar por cá, sempre em mim estarás presente:
“Embora rasos d’água os olhos meus
Por ti não choro nem te digo adeus
Pois não partiste, só foste á nossa frente.”
Descansa em Paz na tua nova morada que a tua lembrança perdurará para sempre na memória daqueles que te acompanharam na vida.
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Arcos, 16 de Março de 2015