solidão dos agapantos

2011-11-08

O VAGAR FOI DESCENDO SOBRE AS CASAS

 

Tinham a luz retida no outeiro

e a tarde de Março a sustentá-las,

envoltas no esplendor do seu sossego.

Em baixo, o rio quase parava.

Era o mar a subir, mas muito lento.

Como se houvesse pelo azul das águas

um defluxo recíproco movendo

luzes poentes e paletas gastas,

onde já se destaca a de ouro velho.

E, depois, o vagar ainda baixa,

enquanto um arrepio arrisca certo

uma ríspida ruga, apenas clara

porque a secunda o céu azul. O resto

deve-se às sombras que se alongam, graças

ao contraluz desfigurando o outeiro.

 

Fernando Echevarria

 

Saudade: revista de poesia, n.º 12, Associação Amarante Cultural, Amarante, 2010

 



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