solidão dos agapantos

2010-04-07

Deixem, hoje sou poeta do tempo...

Hoje sonhei no dormitório longo e escurecido

com persianas ténues que acalmavam a noite fétida

de desejos travados pela saudade de quem ficava longe

E o canto do silêncio que as manhãs soltavam

Amansavam o negrume que nos ia enfeitiçando

E encrostando no eu que sublimava as rudes formas

Dos longos muros e das sombras embrutecidas.

Mas hoje acordei estremecido pela luz que já brilhava

E escutei os ruídos do destino que  me agrilhoava

e bati asas…voei até ao sol e olhei estradas

que me encaminhavam para o fulgor da vida

quebrando encantos e outros tantos de uma vida retida

Esse tempo que gravou forma na alma que sinto

E ainda pressinto que o tempo é história que o vento não leva

E enleva na memória do que me espanto por tanto que sou

Fruto das linhas profundas que o destino traçou.

Só hoje sou o que sou e amanhã não me sentirei diferente

mas hoje sou o poeta do tempo, sem  tempo para ser o que sou.

 

JM



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