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2010-03-17

Chegou a Hora!

Chegou a hora dos Padres casados (juntamente com os celibatários) na Igreja Católica.
13.03.10

José Manuel Vidal


Aquilo que não conseguiram os mais de 100.000 padres secularizados nem o massivo desejo dos fiéis católicos (que, em todos os inquéritos, se mostram partidários do celibato opcional num total de 80%), vai consegui-lo o escândalo da pedofilia do clero. São já muitas as vozes (do povo, dos teólogos e, inclusivamente, do alto clero) que se manifestam a favor da abolição do celibato obrigatório na Igreja católica romana. Ou, pelo menos, pela coexistência dum duplo modelo de padres: os celibatários e os casados.
Ou seja, num primeiro momento, a Igreja católica romana poderia põr em marcha uma evolução gradual em direcção a uma disciplina mista, com clero celibatário e casado, como acontece desde sempre nas Igrejas orientais incluídas as do rito católico. Ou como o mesmo Papa Ratzinger estabeleceu para os “ordinariatos” que acolherão os anglicanos de regresso a Roma.
O escândalo dos padres pedófilos poderia, pois, ser o fim do celibato obrigatório. Isto, apesar de haver muitos e mais importantes factores que aconselhariam esta evolução na disciplina eclesiástica. Eis alguns:
Em primeiro lugar, o “inverno vocacional”. Cada vez há menos padres e padres mais idosos. E as vocações definham. E muitas paróquias e comunidades têm que ficar sem eucaristia por falta de pastores.
Em segundo lugar, o concubinato habitual e massivo dos padres africanos (onde o não casar-se e não ter filhos é antinatural) e de grande parte do clero latino-americano. Estes, às claras. Os outros, às escondidas.
Em terceiro lugar, dado o fenómeno das migrações e da globalização, também religiosa, as comunidades católicas não só já não se assustam por terem padres casados (pelo contrário, até os pedem) como, além disso, convivem com outras igrejas cristãs (inclusive algumas do rito católico) presididas por padres casados.
Acrescentemos ainda que, em Roma, dão como certo que o barulho dos escândalos dos abusos do clero somente agora começou. Estamos perante a ponta do iceberg. Começou na América do Norte, passou para alguns países da Europa e em breve surgirão as denúncias na América Latina. E porque não em Espanha?
É verdade que o fenómeno da pedofilia não diz respeito somente à Igreja católica. Mas também é certo que a Igreja é a única instituição normativa a nível planetário. Ela diz aos outros como se devem comportar e, portanto, tem que dar o exemplo. Nas mãos dos padres nós, os pais, confiamos os nossos filhos desde a mais tenra idade e, portanto, temos que estar seguros de que merecem a nossa total e absoluta confiança.
A Igreja católica, com o Papa à cabeça, é uma autoridade moral planetária e um ícone mediático. Talvez o maior, juntamente com a Casa Branca. Por isso, os meios de comunicação não dão a mesma importância ao que as outras Igrejas possam dizer (protestantes, anglicanas ou ortodoxas) e as restantes religiões, como a dão ao Vaticano. Mas, o mesmo acontece com os escândalos.
A tudo isto temos que acrescentar o preconceito anticatólico de países, sobretudo anglo-saxónicos, de confissão mista, como a Alemanha, Inglaterra ou Holanda. E o anticlericalismo dos países mediterrânicos como Portugal, Espanha ou Itália.
Por agora, tanto o Papa como a maioria dos altos eclesiásticos sustentam, e com razão, que não há uma relação causa-efeito entre celibato e pedofilia. Sendo isso certo, também o é que não se pode negar uma influência indirecta sobre os critérios de selecção dos futuros sacerdotes. Ou seja, perante a escassez vocacional e a impossibilidade de ordenar homens casados, os bispos vêem-se tentados (e muitas vezes caem na tentação) de aceitar e ordenar seminaristas de duvidosa maturidade afectiva. Obrigados pelas circunstâncias, os bispos fazem vista grossa. Então… é pior o remédio que a doença!
Eis, portanto, chegada a hora do modelo misto na Igreja católica romana, que não terá outro remédio senão aceitar nas suas fileiras os padres casados juntamente com os celibatários.
Bendita hora!

                                                                                                                         (tradução de Arsénio Pires)



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