entrevista

2013-08-07

À conversa com o Lamas...

 José Manuel Lamas tem 62 anos, é natural de Torre de D. Chama do concelho de Mirandela e passou os portões da Quinta da Barrosa em 20 de Agosto de 1962 com 11 anos feitos em Março de então, integrado num grupo de 45 , de que referenciamos o Fernando de Almeida, o Serapicos, o Delfim Pinto, o Constante, o Celas, o Ribeiro, o Almeida Campos, o Sanches Vaz entre outros.

Na sua memória não se perderam nomes como Arsénio, o Nabais ou o Meira, alguns anos mais velhos.

A entrada do Lamas no grupo é muito recente e depressa se integrou no espírito da Associação com um entusiasmo é contagiante.

Já estivemos com ele no restaurante S.Frutuoso em Braga, uma empresa familiar onde se integra com a esposa D.Argentina e um cunhado e residem em Navarra, do concelho dos arcebispos.

Aproveitamos para escutá-lo:

 

1-Tantos anos depois, o que recordas de mais marcante na tua passagem pelo  seminário?

 

Hoje, olhando para trás e tentando reconstruir a minha vivência no seminário, apesar dos 50 anos já passados, ainda consigo manter vivas algumas lembranças . Entre outras, destaco a amizade e o companheirismo que só ali podiam ser desenvolvidos. Digo isto porque passei por outros ambientes onde é suposto o incremento de grandes amizades e é verdade que se conseguem bons amigos nesses sítios, mas aquela relação de irmandade que existia no seminário, eu não encontrei no ensino público nem na tropa em tempo de guerra e muito menos ainda, no mundo do trabalho.  

 2-Como encaraste a saída da Quinta e como foi a adaptação ao mundo exterior?

 

A minha saída foi encarada com tranquilidade, tendo sido por mim solicitada mas ao mesmo tempo bem marcante, devido ao modo como acabou. Como costumo dizer , eu sou um desertor pois a minha saída não foi outra coisa senão uma deserção. Como a minha estadia na quinta foi breve, a adaptação ao exterior até que não foi difícil, ainda que em certas ocasiões , como nos convívios com a rapaziada , amiudadas vezes me desse conta que não utilizávamos a mesma linguagem.    

 3-Sem te alongares traça o teu percurso de vida pós seminário:

 Traçar o meu percurso de vida pós seminário resumidamente talvez não seja fácil, mas vou tentar.

 Final de 63 ou início de 64 não consigo precisar, deu-se a saída. Seguiu-se uma breve passagem pelo ensino público mas sem sucesso. Decidi que queria trabalhar e assim foi. Completados 18 anos convenci o velhote a abonar umas massas, meti-me num barco em Lisboa e fui até Luanda. Quando cheguei a Luanda, não voltei de imediato porque o dinheiro que restava não dava para a viagem. Fiquei, arranjei emprego, comecei a ambientar-me, passei a gostar e já não pensava voltar.

Em Janeiro de 72 ingressei na vida militar  até Outubro de 74. Imediatamente voltei ao emprego que havia deixado. Durante o ano de 75 instalou-se em Luanda a guerra entre os partidos, muita gente a desistir e eu também assim fiz em Setembro de 75. Em Junho de 76 arranjo o primeiro emprego após o regresso, no Porto.

 É curioso: enquanto estive no Porto atravessei a ponte várias vezes para visitar o seminário mas quando entrava em Gaia começava a pensar como iria ser recebido e na dúvida voltava para trás. Em  Janeiro de 77 instalo-me em Braga e até hoje. Já lá vão 36 anos, espero que desta seja mesmo para ficar, já basta.

 

 4- Como chegaste até nós?

 Chegar até vós foi fácil. A palavra Redentorista no computador indicou-me o caminho e quando vi os nomes Arsénio e Nabais fiquei a saber que vos tinha encontrado. A partir daí passei a visitar-vos com frequência e ao ler a balada do vento do ilustre Martins Ribeiro não resisti, ganhei coragem e resolvi avançar.

 

  5-O que tens sentido nesta aproximação, tantos anos depois?

                                                                                                                                                                     Nesta aproximação tenho sentido uma enorme satisfação, muito pela maneira como tenho sido recebido e por vós aceite de volta, sendo eu como atrás disse....um desertor.

 

 6-Há pouco tempo um grupo de colegas fez-te uma surpresa no teu restaurante S.Frutuoso em Braga.  Consegues descrever esses momentos emocionais?

  A visita ao S. Frutuoso foi como dizes. Foi muito, mas muito emocionante e mais não consigo dizer. Aqui faltam-me as palavras. Não era desta forma que pensava acabar esta entrevista.  Agradeço muito o vosso acolhimento e para todos remeto um forte abraço.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                            

 

 



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