2016-03-14
manuel vieira - esposende
Dizia Telomar Florêncio "um dia seremos apenas um retrato na estante de alguém. Depois nem isso". Lembro a morte como um mar imenso onde um dia se começa a navegar, dando voltas longas sem fim.
Eram 9 horas certas nesta manhã quando o meu telemóvel tocou. Corri mas já não ouvi do outro lado o "número privado" que me ligara. Eu sabia que fazia hoje um ano que o Peinado partira e era este o seu hábito de comunicar comigo ...
Fiquei ligeiramente confuso, introspetivo, quase sonâmbulo até. Coincidências, pensei.
Mais tarde li o poema do Lamas, o texto do António Rodrigues mas não era novidade nem desconforto a marca que o Peinado deixara, na sofreguidão de estar, nas dinâmicas do viver.
Percebo que quem vai fica no nosso memorial e vive enquanto nós vivermos, como se o retrato se aguentasse na estante num equilíbrio de tempo.