2016-03-29
António Manuel Rodrigues - Coimbra
Ontem, dia 28/03/2016, ao início da tarde, a nossa Palmeira chegou à minha caixa de correio.
Folheei-a, li-a e, agora, durante uns tempos, vai ficar aqui por perto de mim.
Não podemos evitar algum doer pela finitude e pela ausência da sentinela alerta ou anfitriã acolhedora que ela foi para connosco. Fique-nos a memória dela mais a saudade dos tempos que foram nossos.
Surpreendentemente, mesmo para mim, de algum modo, já fiz as pazes com o inicialmente odiado rhyncophorus ferrugineus.
Sem chegar à bondade ou à fraternidade de um S. Francisco de Assis, o desprezível escaravelho apenas está a fazer pela vidinha dele sem tomar consciência do incómodo que nos provoca nem do aniquilamento da nosa Palmeira e de muitas outras. Terminada(s) esta(s), passa naturalmente a outra(s), se a(s) encontrar, e assim está bem porque é este o ciclo natural da vida.
Esta facilidade de compreensão e aceitação fui buscá-la a uma informação recolhida numa conferência a que assisti recentemente. No que interessa: de toda a biomassa existente na terra apenas 15% é de origem animal, os restantes 85% são de origem vegetal e o bicho homem é, sem dúvida, o maior predador de quantos há, e causa maior extinção de espécies que qualquer outro.
Será que nós e os que aí vêm ainda teremos tempo para ganhar consciência e arrepiar caminho desta sanha destruidora?
Embora haja nostalgia e alguma dor, continuarei a visitar as páginas dez e vinte do número trinta e nove da nossa Palmeira, foçada e antecipadamente desalojada.
Fico agradecido pela oportunidade, lucidez e coragem de quantos providenciaram esta reportagem fotográfica.
Saúde para todos.