2016-08-11
alexandre gonçalves - palmela
BARROSAL XXVI-Soneto Violento
Há quantos anos ando a despedir-me
de tudo quanto em ti não encontrei!
Já nada me sobeja do que amei,
nem a graça que tinhas de sorrir-me.
Eu via nos teus gestos um chão firme,
nas tuas mãos eu nunca flutuei.
Nunca soube em que ponto me enganei
e nem sei se foi erro ou se foi crime.
Faz agora um verão cheio de ausência.
O tempo não tem pena do passado.
Viver às vezes é pura violência.
Mas agora o desejo está parado.
O verão é um fogo de consciência,
que não pára sem tudo estar queimado.