Amigos
Desculpem esta entrada! É para me limpar dos meus excessos emocionais, que provocam consequentemente um enorme desprezo pela matemática. Onde se lê "dez dezenas" no texto "Aveiro: um mar de afectos"queiram ler apenas "largas dezenas". É que os afectos, temperados pelo mel conventual dos ovos de Aveiro, multiplicam geometricamente as quantificações......
Rectificado o erro, leiam com brandura a prosa que pretenciosamente comenta o Encontro Nacional 2017.
O autor, AG
ENCONTRO NACIONAL (3/4 de Junho,2017)
7AVEIRO: UM MAR DE AFECTOS
Éramos tantos, que até parecíamos estrangeiros baratos, amontoados nos canais de Veneza. Ultrapassámos as dez dezenas, a espalhar por toda a parte o esplendor da nossa idade. Alegria, movimento, diversidade e muita cor davam à tribo uma presença distinta e respeitosa. Os abraços foram pontuais e eufóricos na estação ferroviária. O norte e o sul, o leste e o oeste fundiram-se nos afectos que a memória preservou. Um autocarro branco, de perfil imponente, nas peritas mãos de um tal jovem Norberto, venceu com eficácia as malhas pujantes da cidade. Depois foi a periferia, em contíguas povoações rentes ao arenoso solo. Em Mira, por entre um maciço florestal e já sob um aroma de mar, um hotel majestoso flanqueia-nos a entrada e dá-nos uma sugestão de um criativo ócio. Mas o programa impõe-nos um almoço apressado. Temos de acelerar. Há muito mar para ver. Primeiro o museu e a vida dos heróis silenciosos, que, em perigos desmedidos, escavaram o oceano nórdico, para garantirem à mesa lusitana o eterno bacalhau. E tanto que o gástrico desejo de o ver bem amestrado, sob um fio de ouro líquido, começou a crescer. Mas temos de esperar até ao dia seguinte, para que o desejo se cumpra.
Voltemos ao programa, que é soberano. Agora são as dunas, não aquelas que alguns verões sugerem, mas antes barragens contra o pacífico. O guia arrisca um futuro muito incerto para a sua resistência às fúrias marítimas. As gafanhas são uma história dolorosa. Resta-lhes o nome e a dramática narrativa da função. Eram barracas de leprosos, doença brutal de outras eras, para onde os condenados eram remetidos antes de a morte os vir buscar. O fim de tarde foi áspero e frio. Destas dunas vinha um vento cortante, inverosímil, como se o mar apenas avisasse que ele era o dono da paisagem. Fugimos em boa hora para o hotel, que nos deu conforto, um banho quente e um duvidoso bufet, a que alguns entendidos não atribuíram grande reputação. Em compensação, serviram-nos generosos decibéis de ritmos, que puseram um bom número de membros em juvenil pé de dança. Pôde então verificar-se que grande parte da nossa musculatura ainda está apta para notáveis prestações.
Depois foi noite e outra vez dia. E a estrada foi pouca, até à gulosa teoria dos ovos moles. As freinhas de Sta. Joana, a princesa, única filha de D. Afonso V, o Africano e o apetite pecaminoso daqueles ovos. Consta que a princesa terá sido o único exemplar de canonização democrática. O povo de Aveiro não precisou de qualquer intervenção papal para a jovem Joana ser promovida a santa. Milagres não faltavam e as piedosas Irmãs eram testemunhas qualificadas. Por um lado, a princesa trocou o direito ao trono pelos votos conventuais. Por outro, o rei foi pródigo em abundantes ofertas, especialmente do açúcar de cana, que à época (Séc. XV) a Madeira já produzia. Com três elementos se fazem ovos moles: açúcar, ovos e água. O resto é só fazer. Como? Antes uma boa tradução do latim de Horácio do que tal encargo para as nossas rudes mãos. Investimos aqui uma hora e tal, para recebermos de lucro abundantes ovos moles, até já não haver por onde assimilar tanta doçura.
O melhor estava seguramente para vir. Vamos à ria. O Vouga, depois de ter engolido o Águeda, esbracejou de gordo pelos campos de Aveiro. Esses volumes de água, amparados agora por grossas margens de betão, espalhan-se pela cidade, para a transformarem em “Veneza” portuguesa. A comparação é abusiva mas os folhetos turísticos deliciam-se nessa propaganda. A tribo dividiu-se em dois grupos e juntou-se ao bulício geral que os moliceiros proporcionavam em abundância. Mas o melhor estava à nossa espera não numa mas em muitas mesas corridas. A posta do bacalhau, na qual já vínhamos a meditar desde o dia anterior, estava um deslumbramento. O bufet de gosto estrangeirado, e mal adaptado aos lusos hábitos alimentares, ficava assim vingado pela excelência da textura e do acompanhamento, onde o Dão de Vila N. de Tazem desempenhou adequadamente o seu papel. Porém, foi aqui, na fúria dos sentimentos à solta, nos reencontros que faltavam, daqueles que se deslocaram exclusivamente para a festa duma associação que ainda mexe, ainda convoca, ainda acorda os rituais que os afectos trazem à boca... foi aqui neste excesso amoroso e comovido que o grande REENCONTRO se deu. A expressão dessa alegria mostrou-se nos cânticos finais, o hinos da PAZ e o VIVAT. As paredes e os olhos e os corações tremeram, porque era o fim, a despedida. Ou antes, o até sempre, um, dois e muitos anos para os mais diversos encontros. Sempre que dois ou mais se reunirem, a PALMEIRA é uma árvore viva. Em Vila Nova ou no cabo do mundo.
Estamos todos de parabéns, porque isto só se fez com muita gente. Organizar é decisivo mas aceitar em cumplicidade também o é. Porém, devemos lavrar aqui os nomes do Vaz, da Guida, da Augusta e, noutro plano diferente mas essencial à eficácia, o Delfim, o Francisco e o Domingos. As razões, por serem óbvias, não se enumeram.
Conclui-se esta crónica de circunstância com um pensamento profundo(....), sugerido por um pacote de açúcar, contra a decadência que levianamente se atribui à nossa idade. Reza assim:
É mais amável um ancião cujos defeitos se conhecem do que um mancebo cujas virtudes se ignoram.
Olá amigos:
Já no Algarve depois de ir à exposição de J.A.Negreiros na Gulbenkian, fui à "feira do Livro" em Lisboa e à Marcelo refiro a "talho de foice":
O encontro valeu pelo encontro...
Para o ano haverá mais e espero que em Vila Nova de Gaia...esperem pelas minhas ideias.
Um forte abraço também para o Arsénio que me fez muita falta.
Até sempre.
Delfim Nascimento...
Que a recém-chegada seja a mais feliz de quantas/os a precederam. Para não haver ciúmes deixo os meus parabéns a todas/os as/os "babados". Primeiro para elas por quantos méritos lhes cabem. Depois para eles que, suponho, Bem ajudaram.
Para ti, Ribeiro, um abraço.
O BISAVÔ CALOIRO
Hoje estou aqui a apregoar aquela frase que nos solenes e transcendentes acontecimentos sempre se clama aos quatro ventos;
“Annuntio vobis gaudium magnum”.
E assim é, estou a comunicar a toda a gente que, a partir de agora, sou o fascinado bisavô de uma esperada menina acabada de nascer.
Não serei o mais categorizado bisavô deste mundo mas, certamente, sou um deles.
Agradeço ao Reitor Universal da Vida e da Morte por me ter concedido o subido privilégio e a intensa alegria de poder chegar a tão avançado estágio da linha da descendência familiar pois é esta que nos confere a imortalidade.
Dessa forma, só me apetece cantar, pedindo-vos que canteis também comigo, aquele belo hino que na minha mocidade aprendi na Casa onde me fiz Homem:
“Vivat in æternum …!”
Por isso,
Viva a minha bisneta,
Viva a mãe da bisneta,
Viva a bisavó da bisneta e, claro,
Viva, acima de tudo, eu próprio
que sou o bisavô da bisneta:
“in æternum vivant!”
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