2017-05-01
Ismael Malhadas Vigário - Braga
Desejo de crer
Gosto de sentiur-me crente.
Se não fosse crente
Sentia-me ateu e infeliz, talvez.
As ideias são quase sempre pesadas
Voltam-se para dentro e impedem de olhar
Lá fora a primavera a renascer com tanta cor, viço
e uma grande vontade de ser.
Acreditar em Deus é sentir a brisa da manhã
Amaciar os dias com luz
Abrir a minha janela do quarto e
Sentir vontade de querrer viver
Como uma flor aberta à luz.
Debater ideias, discodar de opiniões
Para quê!? Com tanta beleza à minha frente:
Rios imparáveis até ao Grande Mar,
colinas e vales a desafiar as viagens das nuvens,
florestas a renascer a cada instante!...
E depois há Fátima, nome de um lugar,
Mas primeiro foi nome da filha do profeta.
Para mim é o nome da minha mulher.
A Fátima das peregrinações, das crenças
Dos pastorinhos, gente pobre
Ora enaltecida por gente humilde, ora politizada
Cai em mim como uma dúvida, um susto
Fico sem palavras. Não me apetece discutir.
Da discussão, raramente nasce a luz.
E a luz nasce independente da tua e da minha vontade.
Quem me dera crer, em Ti, meu Deus
E pudesse tocar-Te como a emoção de um desejo
Não de uma chaga que me repugna,
Mas de um beijo que se quer
A felicidade de uma comunhão.
Braga, 1 de maio de 2017
Ismael Malhadas Vigário