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2018-04-21

manuel vieira - esposende

Calma que as favas estão a medrar...

O sol já deu o seu ar de graça e as temperaturas primaveris destapam já os braços buliçosos e as plantações de Orbacém e de Navarra medram a olhos vistos. Só visto, mesmo.

O Assis está ansioso por nos receber lá em cima, de onde se avista o horizonte sobre o mar plano e se admira o recorte dos montes na direção poente.

Talvez uma ligeira brisa de quando em quando refresque os suores magros do Assis e do Lamas, mas o faval é todos os dias medido ao pormenor. A coisa está a compor-se e convém já apalavrar os fornecedores dos enchidos e das "botelhas" com os néctares divinais que espumam nas taças de cristal dos Arcos. A broa de milho toscamente moído também terá lugar à mesa e a côdea tostadinha obriga a uma afinação dos dentes.

Claro que tudo isto é móbil para conversas longas e algumas antigas mas cheira-me que ninguém vai querer prescindir das alturas do Caminho do Fradinho, como se o destino estivesse traçado há muito tempo e as favinhas queirosianas também elas não queiram prescindir de tanto bem estar em mesas fartas.

 

2018-03-22

Aventino - PORTO

COMUNICADO DE ÚLTIMA HORA

Não se aceitam mais incrições de AAR'S para o repasto de LAMPREIA. 

As inscrições foram tantas, tantas, tantas que esgotaram tudo o que era bicharada desde o rio Minho, passando pelo Cávado e pelo Homem, até ao Mondego.

Obrigado pela Vossa participação. Para o ano, voltarei ao mesmo convite mas, dessa vez, faremos quatro almoços, pelo menos, tantos e tantos foram os que se quiseram inscrever.

BEM HAJAM.

2018-03-14

manuel vieira - esposende

Faz hoje 3 anos que faleceu o nosso amigo Peinado, num inverno triste e que nos tornou tristes, para o seu desalento de alma tal era a sua expressiva alegria. Lembrá-lo assim, pelo menos alivia-me o peso da sua ausência e confirma-me a presença do seu espírito.

O Peinado era um ativista intrépido e ao ler a via sacra do Aventino avivei algumas memórias.

O nosso Martins Ribeiro tem andado incomodado com as gripes e abandonou hoje o hospital de Ponte de Lima. Deve ter lido o texto do Aventino.

É verdade que a invernia tem sido rigorosa e os pequenos tornados visitaram Esposende a querer mostrar que também os sítios bonitos são benzidos com a força do vento e das chuvas.

2018-03-13

Aventino - PORTO

E SE FOSSEMOS COMER UMA LAMPREIA?

 

           

PRIMAVERA

 

Houve um tempo em que me sentava num daqueles banquitos de granito, dispersos pelos jardins da Avenida Montevideu, três aqui, um além, ali dois bem juntinhos, bordejando o mar, entre o Castelo do Queijo e o Largo do Molhe, na cidade de onde houve nome PORTUGAL. Dali eu avistava, acenava e trocava sorrisos com o meu filho que ali, ali mesmo, a nove mil quilómetros em frente,  Los Ângeles, pela Rodeo Drive, Santa Mónica ou Sunset Boulevard ia, porventura, em direção a sua casa.

Nesse tempo, eu tinha memória:  de uma escola, um professor, caminhos vazios de nada, um combóio e uma casa onde sonhei que vivi; eu tinha memória de lágrimas e de cemitérios, de ramos de flores e de missas, de acreditar que, no espaço infindo do céu, poderia cirandar uma divindade, um meteorito, uma nuvem branca que me tivesse criado e tivesse poder por sobre os meus destinos.

 

 

INVERNO

 

Agora, nem morte nem nascimento, nem deuses nem imaginação, nem cemitério nem qualquer resquício do passado.

                              

 

INVERNO, NOVAMENTE

 

No Verão, da varanda da minha casa, converso com os longos braços dos plátanos que me atenuam o sol. Olho-os, estico o pescoço para o ramo mais alto de todos e, por entre as folhas, tento ir além, o céu e uma claridade densa a preencher o vácuo deste nosso triste entardecer. Quando a Terra se começa a distanciar do Sol, acompanho os meus plátanos, as folhas a cair, a nudez dos seus ramos e os homens da Câmara, armados de camiões, serras telecóspicas e polícias a regular o trânsito, esventram os meus plátanos até à “nudez crua da verdade” de que Eça nos falou. Então, é quando, nesse “então”, eu sou eu, eu sou mais eu. Aflora-se-me a morte, os braços cortados, uns homens fardados, a Polícia a regular o trânsito e os meus plátanos, desnudados, órfãos do olhar deste vizinho que acaba de partir.

Manuel da Fonseca, o escritor Manuel da Fonseca, o Ti Manuel da Fonseca, escrevia. Sentado no banco de pedra que alindava a sua pobre casa em Santiago do Cacém, o mestre Manuel da Fonseca dá uma entrevista para a televisão.

Entãoeh! É prá televisãoeh!

O que está escrebendo, ti Manel?!...

Ah!... Nã tou escrebendo nádá. Ágórá, áté que tou rasgando. Tou rasgando!

 

                              

PRIMAVERA, NOVAMENTE

 

O meu sobrinho tem uma camioneta. Todas as semanas, à sexta feira, ele telefona-me. Em Direito, a linha sucessória só nos fala de sangue, da linha reta ou da linha colateral. O meu sobrinho é um sobrinho por afinidade e telefona-me, sempre à sexta feira, pelo menos. Tio, é pra carregar?

Sim, é pra carregar. E lá vem ele, camioneta vazia a chegar, camioneta cheia a partir. Leva, leva tudo,  todo o meu longo e feliz rasgar. Lá vai a roupa e os sapatos; os livros, ah! os meus companheiros/livros, as canetas, aquelas canetas, bicos gastos, Pelikan, Sheaffer, tinteiros secos, mata borrão com bolor, ah! e os caderninhos de linhas onde a minha mão direita apenas escarafunchou as letras da palavra “amor”. Apenas.

 

 

CHIÇA! INVERNO; outra vez?!

 

Agora, as camélias do meu jardim morreram; os áceres onde pendurava as telas a secar em dias luminosos de inverno, também secaram; a relva do jardim foi comida pelas daninhas; o meu Golden Retriever morreu.

Os armários plenos de roupa e de sapatos já não têm nem roupa nem sapatos; a minha empregada reformou-se, o vizinho em frente já não me toca à campainha, a cabeleireira leva-me cinco euros “porque o senhor pró cabelo que tem mais valia cá não vir” e, até a bela francesa com quem eu navegava a memória dos meus belos tempos de Paris, regressou a Paris e que eu nem pense passar na Rue de Poetie, trinta e nove, quarto andar.

Agora faço pelas pernas abaixo. Não posso abrir torneiras porque faço pelas pernas abaixo. Não posso beber água porque faço pelas pernas abaixo.

Caminho num caminhar abichanado para não fazer pelas pernas abaixo e até, há dias, no elevador, o meu esfíncter me traiu e, logo, logo, uma vaporosa mademoiselle comentou para a outra mademoiselle vaporosa,

“estes velhos são horríveis”.

 

                              

PRIMAVERA, EM FLOR

 

E se fossemos (mas é) comer uma lampreia?!

Restaurantes:

  1. António, Leça da Palmeira: eu marco.
  1. Gaveto, Matosinhos: eu marco.
  2. Vigário, Atães, Gondomar: eu marco.
  3. Casa Lindo, Valbom, Gondomar: eu marco.
  4. Camelo, Santa Marta de Portuzelo, Viana do Castelo: eu marco.
  5. Camelo, Apúlia: marca o Manuel Vieira.
  6. Tio Pepe, Fão: marca o Manuel Vieira.
  7. Entre os Rios: marca o José Castro.
  8. Pensão Aliança, Caldas de São Vicente: marca o José Castro.

 

 

                               Aventino

                                                                       Portugal (PORTO)

 

2018-03-04

José Manuel Lamas - Navarra - Braga

       

           E eu vou -me  sentindo só e olvidado

           Ainda que aviste os horizontes mais chegados

           Os amigos que por aí andam distraídos

           Por esse mundo de mim esquecidos

           De tão distantes nem os sinto a meu lado

           Parece que nada têm p'ra dizer _ estão calados

 

 

               Com aquele abraço

                                             Zé Lamas .

            

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