PARA APURARMOS O NOSSO GRAU DE DEMÊNCIA:
Meus caros AAR´s:
Cá estou eu empurrando o barco. Meto combustível, limpo o convés, tiro a amarração, iço as velas, o vento sopra, sopra de feição e, mais uma vez, tento fazer-me ao mar.
Aqui vai:
1. Constitui uma tertúlia.
2. Mensal; encontro na primeira sexta feira de cada mês às 18,13 horas, com início no dia 07 de setembro próximo.
3. No jardim da minha casa da Rua Marechal Saldanha, no Porto.
4. Mulher não entra.
5. Acesso exclusivo a Redentoristas.
6. Em cada reunião só pode haver um convidado NÃO AAR.
7. Objetivo: a discussão inteletual, APENAS.
8. Não há comes nem bebes.
9. Em cada reunião haverá um tema (apenas um) para discussão.
10. Far-se-á um ata de registo do dia e do tema debatido. E é só: nem nome dos presentes, nem a opinião de cada um.
11. O tema não será préviamente anunciado. Os primeiros dez minutos destinar-se-ão a votar as propostas que houver sobre o assunto a filosofar.
12. Quando o primeiro que estiver presente quiser sair, termina aí, nesse instante, a reunião.
E é TUDO (a não ser que venha daí a vossa voz).
Depois de um longo período de silêncio em que estive mudo e quedo porque o meu computador teimava em me dizer que o site da Aaar era pirata e não oferecia segurança e por esse motivo não enviava os meus escritos para o Fale connosco, eis que hoje, numa tentativa feita por "teimosia", parece que um vergonhoso «PORRA» seguiu mesmo. Talvez tenha convencido o bicho de que ele estava enganado e por isso vou continuar a escrever mas sempre com a expectativa de, ao fim, o texto não seguir e desaparecer de imediato como tantas vezes me tem sucedido. Vou tentar mais uma vez.
Felizmente ( não há só luar ) há também na Aaar boas cabeças e boas penas que pensam e escrevem muitíssimo bem para gáudio de todos nós. Nem vale a pena referir nomes pois a qualidade dos seus textos, quer no fundo quer na forma, destacão-se e são sempre uma delícia para quem gosta de ler. E eu gosto.
Lamento que companheiros, que escreviam com alguma frequência, se tenham, ultimamente, remetido a um silêncio que espero não seja de morte. Para além do Alexandre e do Aventino ( ordem alfabética ) também fazem falta o Ismael Vigário, o Ribeiro, o António Rodrigues, o Zé Lamas, o R. Morais e todos os que nos tinham habituado a frequentar o site. Por isso o meu apelo é que se tiverem algo a dizer que escrevam. E façam-no enquanto têm pio pois qualquer dia vamos todos cantar fados para outras paragens.
Lamento não ter podido corresponder ao convite do Aventino mas, naquelas datas, andava eu pelo Douro a apanhar frio, chuva e, por vezes, granizo. Depois, numa breve incursão a Vidago, para compensar levei um dia ou dois com mais de 35º. Só espero é que, num outro qualquer momento, surja novo convite ............
Sobre o textos do Alexandre já falei com ele e ele sabe o quanto admiro aquele manancial de ideias, figuras, palavras e poesia que ele nos oferece.
Também já aqui expressei a minha admiração pela escrita do Aventino. Lembro-me duma poesia espantosa que, se bem me lembro, era dedicada a sua mãe. Agora fiquei de queixo caído com esta poesia publicada hoje.
Parabéns, Aventino, pois gostei muito desse poema e tanto me identifiquei com ele que, ao fim, tive a louca ideia de "pensar" que isto foi escrito pelo Aventino mas a expressar o que eu penso. Está dito mas não faças caso porque eu nasci em Maio!!!!
Espero que o calor que se aproxima ( isso penso eu ) não seque a veia dos nossos escitores e que tenhamos um verão com muitas intervenções no site.
MORIBUNDOS DE NÓS
Aparte o texto do nosso maravilhoso Alexandre e, apesar do repasto ser de borla, “ninguém” respondeu ao meu convite.
Toda a nossa turma tem sofá e televisão em casa e a companhia de uma grande MOCA; então para que fiqueis, ainda, com mais sofá, com mais televisão e com muito mais MOCA, TOMAI e COMEI:
POEMA INÚTIL
O que me apetece é não me apetecer!
Não sentir nem ser.
Ir além, mais além e ainda mais além,
em busca de alguém
que me ajude a morrer.
Eutanáso-te e eutanáso-me;
corto os pulsos, corto as veias,
parto co’a minh’alma cheia
de um triste tardar em amanhecer.
Amanhã?! Amanhã não haverá amanhã!
Nem sol nem água nem sequer as sombras dos nossos universos.
Que fizemos nós dos nossos versos
com que à tardinha,
a tua mão na minha
nos enganávamos?!
Se for abril, quero ir em abril.
Foi em abril que nasci
e logo, logo nesse sentir, senti
que não queria nascer.
Aqui estou na esquininha desse mesmo lugar onde a minha mãe me deixou há sessenta e quatro anos,
à espera dos doces beijos
que continuo a querer.
Agora mingua-se-me o corpo.
Tenho cansaço, dor no peito, dor nos ossos,
o passo curto, tímido e lento
e até mesmo o pensamento
teima em não me perceber.
Houve um tempo em que tinha fé,
acreditava:
divindade; vida eterna; paraíso.
Houve um tempo em que tinha medo:
o inferno; o castigo; um final juízo.
Agora são desgraças
a entrarem-me pela vidraça
de um mundo vazio, colorido em segredo.
AVENTINO, em julho de 2018
Muitos os chamados, nem um escolhido.
Meu Caro Aventino
Dando de barato que o teu convite é convicto, e que o teu humor comanda a vida, quero em primeiro lugar exprimir um lamento por até à data não se registarem inscrições. A sugestão é formalmente irrepreensível. É na hora da inevitável decadência que devíamos afrontar e provocar a melancólica sucessão dos dias. Para que serve o helénico ócio? Não o herdámos em abundância, quando o destino impôs às nossas vidas austeras obscuridades? A mesa dos gregos deu à humanidade as mais deliciosas ideias de civilização. Será que transformámos o ócio em indolência (veja-se o étimo latino), nessa insensibilidade aos apelos, às dores do mundo?
Falando por mim, não estou muito abonado para justificações. O mês de junho esgotou antecipadamente todas as hipóteses de mobilidade. Já não é segredo que este quintal solicita sem piedade todos os meus actos, até os impossíveis. Deitar tarde e cedo erguer é o meu caminho para respirar a vida. Opções? Claro, tão legítimas como o seu contrário. Mas hei-de ainda glorificar-me por ter aumentado o tamanho da população vegetal. Duzentos seres vivos vêm comer à minha mão diariamente. Está explicada a minha imobilidade para aceder ao teu criativo convite. Das datas apontadas, não pude capturar nenhuma. Também por isso, os meus défices sociais são mais que muitos. Mas o desejo permanece. Ainda mexe atabalhoadamente, como se o futuro ainda não tivesse começado.
Enfim, sejamos misericordiosos e salvemos no mínimo as intenções. Se forem verdadeiras, já não serão punidas pelo barqueiro. Um abraço por sobre o infinito verão! A.
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