Por julgar impossível fazê-lo fisicamente, quero, pelo menos em espírito, acompanhar o nosso amigo Aventino no acto de ESCARRAR, MICTAR e DEFECAR sobre os restos mortais desse monstro que foi Francisco Franco.
Mas, escarrar, mictar e defecar sobre os restos desse anão de presépio, parece-me pouco para expressar o nojo, o desprezo e o ódio que tal personagem suscita.
Não consigo calcular qual o grau de conhecimento, de simpatia ou antipatia que os meus caros companheiros têm sobre as " heróicas " façanhas e os actos deste militar destemido que se intitulou « CAUDILLO DE ESPAÑA POR LA GRACIA DE DIOS » ( será Deus vesgo ? ).
Podem saber muitas coisas e podem ter-vos contado outras tantas mas mas o que a História moderna nos conta é que foi um militar medíocre, um assassino rancoroso e vingativo e um diligentíssimo ladrão que saqeou metade da Espanha em benefício seu ou da sua família.
Poucos dias antes da sua morte manteve a ordem de enforcar três jovens etarras ( e foram mesmo enforcados ) e poucos dias depois morreu confortado com todos os sacramentos da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana. Amen.
FINALMENTE:
Franco para a vala comum.
Lá estarei no dia em que ele sair do lugar onde nunca deveria ter estado.
Lá estarei para a minha cuspidela de ódio.
DIA 07 (SETE) DE SETEMBRO DA ERA DE CRISTO
Cá vos espero, alterando-se a minha proposta no seguinte:
1. a receção será às 20,30 horas para se satisfazer o interesse de todos.
2. sim, haverá comida e bebida.
NOTAS:
a) que ninguém traga NADA a não ser A SI PRÓPRIO, todo, inteiro: "sê todo em cada coisa" (Fernando Pessoa).
b) há três quartos disponíveis mais dois sofás cama para quem, proventura, queira pernoitar.
c) por questões de privacidade (há estranhos que têm vindo a este nosso "Fale Connosco" coscuvilhar o nosso pensamento e os nossos dados pessoais) enviar-vos-ei uma SMS com o número de polícia da minha casa na Rua Marechal Saldanha, no Porto.
d) estão já inscritos: Arsénio, Castro, Manuel Vieira, Assis.
e) Vá lá INSCREVAM-SE, por aqui, por sms, por telefone, por e-mail para: aventino@aventinos.pt
Num lugar de mau caminho
Tão alto que toca o céu
Mora a S. ra do Minho
Essa linda minhota
Uma Santa tão marota
Que usa lenço no lugar do véu
Aquele abraço
Zé Lamas
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HORRESCO REFERENS - I
Denique! Finalmente, o esplendor da ÁGORA, abandonando os morros de Atenas e descendo à planura das instituições, onde todos os acontecimentos se tornam visíveis pela transparência da palavra. Parabéns, Aventino! O método resultou. O tertulianismo tardo-gótico renasce das cinzas, com ou sem reunião marcada. Confesso a minha rendição e ardo incrivelmente para que este praça seja tão ruidosa quanto o necessário para repelir os ataques galopantes da peridosa "demência". Gloriosas saudações a todos os delinquentes!
Meu amor de antigamente! Eu nunca me perdoei aquela escolha. Ainda hoje estremeço quando lembro a véspera daquela páscoa. Altas horas da noite, nas imediações de um olival, na cumplicidade de um luar frio. Clandestinamente, como quem rouba chocolate. Tu depões o teu amor molhado e virgem nas minhas mãos. Tu suplicas. Tu tremes. Eu não resisto, dizes. As tuas lágrimas colaram-se às minhas e juntas deslizaram pelos nossos corpos genuínos. Não vás, Alberto! Pelo teu Deus, em quem não crês. Pelo meu Deus de catequese, que nunca levaria meninas da minha idade para o inferno. Eu, cheio de uma força postiça: tu não entendes. Não queiras entender! Não compliques mais. Eu quero mesmo ser padre.
No domingo, era a grande festa. Para mim, foi sempre uma páscoa triste. A mãe-igreja punha nisso toda a solenidade. Eu sou o ensaiador. O coro são duas ou três vozes masculinas. O resto são as mais belas moças que Deus fez para cantarem nas celebrações. Quem o garante é minha mãe, que ignora em absoluto os meus desejos. E a multidão dos meus pecados. O Sr. João teles e a ti Gracinda, que vigiam a minha vocação, também garantem que nunca houve em Sto Amaro um seminarista tão dotado para a vida religiosa. Durante a missa, consegui fazer passar a imagem de um jovem sereno e seguro. Mas no coro estavam os olhos e a voz da Susana. Dezoito anos blindados, notas brilhantes e entrada no próximo ano em Medicina. Cabelos cuidados descendo com inocência pelos ombros. Um rosto de mármore sem costuras. E uma boca de frutos vermelhos, por onde a encandeante brancura dos dentes mordia sem esforço a pureza do canto. De repente, tudo o que eu dissera na véspera era mentira.
Que faço eu aqui? Que farei eu no outro lado? Quem me pôs neste incêndio? Os olhos dela derramam um rumor de lágrimas. E uma absoluta inocência de quem nunca mordeu as maçãs bíblicas. Eu tinha adaptado um espiritual negro, com letra minha, apelando para a glória e o vigor da se ser jovem. Juntei-me ao grupo dos rapazes para fazermos duas vozes, de belo efeito sonoro. Era o cântico final. Êxito retumbante. O pároco gostou e agradeceu em público. Susana olhou muito e sorriu. E eu gaguejei para dentro de mim. "À noite"..., disse-me ela em segredo.
Depois da ceia, Sto. Amaro é só silêncio. Saio de casa, vou por uma vereda sonâmbula e ao fundo é outra vez o olival. Um pouco de lua torna inverosímil qualquer encontro. Ela viu-me pela janela. Dá a volta. A noite arrefeceu ligeiramente. O abraço é inesquecível. A vida inteira não cura esta ferida. Sempre vais, diz ela. Sim, sempre vou, digo eu. Na camioneta das dez. Encostou o rosto e os longos cabelos ao meu ombro. Chorou até não poder mais. Depois, como quem avisa de que alguma coisa ficou por esclarecer: vais esquecer a quinta da ribeira? Os juncos, os amieiros?E as amoras do verão passado? Eu disse apenas, com alguma secura: podes ajudar-me a ir embora? E quanto a lembranças, veremos quem esquece primeiro! A lua deixou subitamente de nos proteger. Parecia mãe e agora é pura sombra. E a noite caiu como um pesadelo em cima dos nossos corpos destroçados. Dei a volta com ela pelo outro lado da casa. Ruas vazias. Solidões de pedra. Numa esquina da rua direita, disse-lhe em jeito de conclusão: até aos meus vinte cinco, foste tudo o que de bom me aconteceu. Apesar disso, não tenho forças para ficar mas também as não tenho para partir. Eu não sou ninguém. Sou um embrulho bem embalado, para despachar pelo correio. Eu não queria sentir este horror, este frio de partir ficando, este gelo de ficar partindo. E esta angústia de to dizer, como se me quisesse justificar. Não tenho um pingo de fé. Mas se eu der o jeito, serei padre, como outro qualquer. E se for dando o flanco, até me fazem chegar a bispo. A hierarquia eclesiástica não precisa de talento nem de santidade. Não te repugna esse risco?, interpelou-me ela. Sim, repugna, mas eles despojaram-me da consciência, disse eu com raiva. Verteram-me num molde, como se eu fosse de plasticina. Fui cozido no forno em lume brando. Agora antes quebrar do que torcer.( Uns minutos de silêncio insuportável). Os teus dezoito dão passos certos, com rumo bem definido. Vais chegar cedo a qualquer lado. Os meus vinte e cinco não têm para onde ir. Estão sem passado, sem presente e bem perto de sepultarem o futuro entre muros medievais. Disseste que eu era livre. É essa a minha imagem de venda e de hipocrisia. Sim, sou livre. Por fora, como um pregador. Por dentro, como um fardo, a despachar num comboio de mercadorias.
Susana ouviu-me e teve pena de mim. A noite gelou. Esta páscoa é amarga, como veneno. Despedimo-nos num outro abraço, que deixava janelas e portas abertas. No dia seguinte, a camioneta bufava de cansaço. Subi e olhei para trás e para cima. Susana foi a casa de uma tia para me ver partir. Vejo-a agora acenando e fazendo gestos que perduram. Os cabelos inclinados, como lianas, vão-me prender para o resto da minha vida.
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