2010-01-01
Ismael Vigário - Braga
Assis, homem pacífico, grande obreiro da AAAR que, achou bem vir à liça e participar na polémica, não à maneira camiliana, pois essa é mais adequada à forma do Arsénio, ao falar em duelos, ao esgrimir argumentos de orientações diversas, a saber, a sua caneta é polifacetada e invectiva em várias direcções, porém, hortodoxo e fiel aos princípios... Mas, claro, uma mente aberta e brilhante e que a todos dá resposta.
O Assis, segundo interpreto, situa-se entre um luteranismo histórico e um franciscanismo que supera todas as hortodoxias: eclesiais, classistas...O Pe Henri, que é um profeta do nosso tempo e que não pode ser classificado, porque mais que interpretar o evangelho, põe-no em prática e, esse facto, desautoriza qualquer teoria.O Pe. Henri, por aquilo que me oferece compreender é uma força do evangelho, um inspirado para a acção concreta e, como tal, todos nós o compreendemos, mas custa-nos a segui-lo, porque temos mais corpo que espírito e queremos gastar a vida mais com um tinto e umas alienações verbais que nos apaziguam as dores da alma...
O JMarques sentiu-se com o ajectivo do Vieira(desaprumado). Compreendi o Vieira e entendi-o como uma caracterização queirosiana de outros colegas mais novos e de espírito mais livre, não houve ofensa à honra, apenas uma luvinha branca para avançarmos na AAAR.
Resumindo, há mais pontos de convergência do que divergência entre nós, pois todos acreditamos e pugnamos pelos valores humanistas e ultrapassemos os pruridos sensoriais que uma palavra ou conceito ecoa em cada um de nós.
Debatamos factos, temas que sejam emergentes da nossa sociedade e vida, dignifiquemos o debate e superemo-nos dos fait-divers. Eu, pessoalmente, sou mais horaciano, acho fastidientas as reuniões e as tricas sensaboronas.
Um bom ano a todos com desejos de um humanista cristão que, às vezes, tenho falta de fé mas luto sempre por ela. Já Freud dizia que a religião, embora nevrose, ajudava o cristão a ser feliz. O muito racionalismo leva as pessoas ao pessimismo, o mexer sempre na ferida é impedir que ela cicatrize, um pouco de carpe diem não faz mal a ninguém nestes tempos desorientados.