2010-01-24
Assis - Folgosa - Maia
Estranha voz esta, a do Aventino, onde tanto se diz quanto se queira ler... diz o nosso amigo Marques e com ele concordo quase em absoluto. Sim, poderímos ter passado por outros locais e em tempos bem diversos dos nossos, mas não. O tempo e o lugar foram decisivos para cada um de nós. Mas não apenas pelo lugar e pelo tempo nos revemos. Houve, além deles, o factor modo.Também este teve uma grande influência em cada um de nós. E não podemos dizer que esta influência tenha sido de menor importância. Bastaria que nos puséssemos a par uns dos outros: os que acabaram os estudos filosóficos e teológicos e aqueles que passaram apenas por Gaia, para não falar já daqueles que aqui apenas passaram 2 ou 3 anos.O modo como cada um de nós foi trabalhado (?) pelos nossos formadores foi bem diverso, como o deles o fora antes. - Não tenho um deus como vós; nem tenho uma humanidade e uma esperança como vós; não tenho nada que não que não seja o dia de hoje... Pois, ninguém tem mais do que o dia de hoje, amigo Aventino. E todos nos vamos alegremente mentindo, criando deuses à nossa maneira. Cada qual tem o seu e creio que assim deve ser, apesar de isto soar a heresia aos ouvidos de muita gente. Para aqueles que assim me possam rotular, apenas uma pergunta: "Quem O viu?" A própria escritura sagrada (toda a escritura pode e deve ser sagrada) diz que ninguém O viu. Por isso somos todos tão diferentes e este mundo roda como roda. A humanidade e a esperança têm que ser criadas por cada um de nós. Só desta forma conseguiremos chegar, vou acreditando, à fé. - Faltou-nos nesse tempo e lugar o factor liberdade, sobretudo aos mais velhos. Posso afirmar que tudo nos foi ensinado como dogma.Era quase proibido pensar.-Mais uma vez repito: Não pretendo com isso minimizar a generosidade dos nossos formadores, aos quais continuo grato. - Como podereis vós questionar...interessa-vos o sexo de que são? Como tu, amigo Aventino, também eu me não atrevo a condenar quem quer que seja. Sim, questiono-me e até condeno, não pessoas mas a falta de actos. a terrível indiferença (des)humana, a falta de actos de amor.- A minha pobreza é essa: a de não ir além do que não me deram. Aqui está a nossa grande diferença de pensamento, Aventino. Aqui está a nossa Riqueza, ainda que pareça exactamente o contrário:Termos sido capazes de separar o essencial do acessório, quando não o Bom do não-Bom (não forçosamente Mau). Mas, teríamos nós sido capazes de fazer esta separação de valores sem que tivéssemos passado por aquele lugar e nesse dado momento da nossa vida? E, procedendo desta forma, não estaremos nós a CRIAR - agora sim, em LIBERDADE, o nosso verdadeiro DEUS?