Amigos:
Saúdo a entrada do Gaudêncio nesta troca de impressões!
Vamos a isto!
Quando utilizamos o termo “Igreja católica”, convém definirmos bem de que estamos a falar.
Se nos referimos à Igreja como a Comunidade dos crentes em Jesus, convirá recordar que já Sto. Ambrósio dizia: ela é uma “casta meretriz”. Sempre, ao lado do pior existiu o melhor dentro da Igreja.
Nesse sentido, a Igreja é a imagem de cada um de nós, crentes ou não crentes. Todos somos castos e prostitutos, no sentido de que uma coisa são os nossos ideais e valores, e outra, bem distinta, é o modo como os levamos à prática, ou não. Todos falhamos!
Se nos referimos à Igreja como hierarquia, ao conjunto dos seus pastores desde o diácono ao papa, então, mesmo devendo aplicar-se também o mesmo princípio de St. Ambrósio, temos que realçar um aspecto muito importante:
A maior responsabilidade que têm todos aqueles que escolheram dedicar-se ao anúncio da Boa Nova de Jesus: Anunciar e dar o exemplo. É disto que se trata e convém não divagarmos.
Por isso, quando o Gaudêncio afirma que “A IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA, APESAR DE DEFENDER A CASTIDADE, NUNCA FOI CASTA NEM NUNCA SOUBE LIDAR COM A SEXUALIDAE HUMANA”, penso que ele se refere mais à hierarquia da Igreja e suas directrizes no campo da moral sexual. Aliás, ele especifica isso mesmo logo a seguir.
Concordo com o Gaudêncio neste ponto. Aliás, acrescento ainda mais: nem a Igreja nem a sociedade civil souberam ainda lidar BEM com a sexualidade humana. Vejamos só um exemplo: Educação sexual nas Escolas. Onde está? Como será feita? Por quem? Como? O que é a sexualidade humana? O que é uma educação sexual integral que prepare os homens e mulheres para um dos aspectos mais importantes das suas vidas?
Aqui temos que referir a profunda influência que o estoicismo teve na Igreja e na sociedade:
No pensamento dos estóicos, o fim supremo, o único bem do homem, não é o prazer, a felicidade, mas a VIRTUDE. E quem de nós não foi educado para a virtude, para a perfeição, sem preocupação pelo prazer, pela própria felicidade?
O certo é que não podemos inferir que o prazer, o sentir-se bem consigo e com os outros e a própria felicidade não tenham sido também a mensagem e prática de Jesus: ele foi acusado de comilão, e de gostar de jantaradas, de vinho e de ter mulheres entre os seus discípulos.
E a prática dos primeiros cristãos e seus pastores não tem quase nada a ver com o que se passa hoje em relação, por exemplo, ao celibato. S. Paulo até recomendava aos “episcopos” que deveriam ter uma só mulher!
O arcebispo de braga, Frei Bartolomeu dos Mártires, quando no Concílio de Trento se aprovou o celibato obrigatório para os padres, pediu a palavra e disse mais ou menos isto: Tudo bem. Aprove-se mas faça-se uma excepção para os padres de Barroso!
Gaudêncio, acabo também com uma anedota. Dois padres conversavam sobre esta infundamentada lei do celibato obrigatório. Um deles diz:
- A ver se este Papa acaba de vez com esta lei!
Responde o outro:
- Oxalá que não! É que, nesse caso, ficaríamos obrigados a ter uma só mulher!
P.S. O desafio final que fizeste, Gaudêncio, é... UMA PEDRADA NO CHARCO! Talvez uma pedrada a nível nacional! Onde estão as vítimas?
O fenómeno da pedofilia assumiu, nos tempos modernos, uma tal visibilidade e importância que a própria Igreja foi obrigada a encará-lo de uma forma diferente daquela que costumava fazer: assobiar para o lado. Mas a pedofilia é apenas a afloração de um aspecto que a Igreja nunca conseguiu disfarçar : A IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA, APESAR DE DEFENDER A CASTIDADE, NUNCA FOI CASTA NEM NUNCA SOUBE LIDAR COM A SEXUALIDAE HUMANA. Desde tempos imemoriais que ouvimos falar das actividades sexuais de Papas, cardeais, bispos, chantres, cónegos, abades, párocos e também , obviamente, de membros do clero regular. Depois do Concílio de Trento, quando foi decretado o celibato obrigatório do clero secular, todos aqueles agentes profissionais da Igreja, em vez de guardarem castidade, ficaram com as mãos livres para se servirem ( sem responsabiliades acrescidas ) das mulheres disponíveis no mercado ( e houve sempre muitas ), das mulheres dos outros ( das mulheres da gente) e para utilizarem, na satisfação dos seus apetites carnais, uma matéria prima que lhes estava mesmo à mão e sempre disponível : AS CRIANÇAS. Claro está que os tempos eram propícios ao encobrimento e os crimes foram ficando sempre impunes e, muitas vezes, quem ficava mal era quem tinha a audácia de fazer qualquer denúncia, situação que ainda se observa no nosso tempo. Nos últimos meses vi algumas reportagens, no Canal Odisseia, sobre o tema, e confesso que fiquei enojado. Versavam as mesmas sobre casos da Irlanda e dos EUA, onde o fenómeno possilvelmente não difere do que acontece noutras latitudes, mas onde houve a coragem para o investigar e denunciar. Enquanto a Igreja não acabar com essa mirabolância, que é o Celibato dos seus agentes, a vida sexual dos mesmos vai continuar a todo o vapor e vamos continuar a ver um bom pároco a chamar "afilhados" a seis ou sete filhos que fez a uma pobre paroquiana que lhe abriu as pernas; veremos outros membros do clero, baixo ou alto, a "encornar" discretamente algum cidadão que até vai semanalmente à missa e compra as bulas agora na quaresma para poder comer o chispe neste tempo de abstinência ( jejum já não se usa ) A propósito conhecem aquela anedota de dois nédios abades galegos que, para além de paroquearem os seus conterrâneos, cuidavam de "outros" negócios laterais? De volta de um copito de qualquer coisa dizia um para o outro, aquando da " nomeação " do último papa: Então será agora com este novo papa que a Igreja nos vai permitir casar e ter uma vida de homens responsáveis? Responde o outro: Não creio nem estou assim tão confiante mas talvez no tempo dos NOSSOS FILHOS isso possa vir a acontecer. ( Riam , por favor ).
A propósito, ou despropósito, pegando agora no tema da pedofilia, haverá algum " herói " capaz de investigar, aprofundar ou denunciar sinais ou eventuais concretizações de casos de pedofilia, acontecidos na Quinta da Barrosa, com gente que nós conhecemos? Se houver, colhe o meu aplauso!!!!! .
Meus caros:
Dois artigos foram colocados em “Pontos de Vista” sobre o tema da “Pedofilia nos Padres da Igreja Católica”: O primeiro é de minha autoria e o segundo foi enviado pelo nosso colega Luís Guerreiro e sua esposa Irene. Este último traz uma interessante entrevista com um psiquiatra sobre este problema e como preveni-lo, ou pelo menos minorá-lo, nos padres da Igreja Católica.
Bom seria que ouvíssemos mais colegas sobre estes dois artigos.
Para facilitar, faço aqui uma súmula dos pontos que me parecem mais interessantes.
1- O tema em debate é “Pedofilia nos Padres da Igreja Católica”. Não se trata de abordarmos o tema na sua generalidade, quer na Igreja e em todos os cristãos quer no mundo. Esse é outro assunto.
2- Sabemos que a incidência da pedofilia nos homens (também existe nas mulheres…) anda à volta de 1%.
3- E porque abordarmos a pedofilia só nos padres? Porque os padres escolheram livremente ser celibatários ao serviço da Boa Nova de Jesus. Porque os padres orientam a Comunidade dos crentes e têm obrigação de ser modelos do que pregam e não escandalizar “nem um só destes mais pequeninos”. Apesar deste mandamento ser para todos nós.
Embora, em princípio, pareça não haver ligação alguma, custa-me a crer que o celibato obrigatório não tenha nada a ver com a incidência de pedofilia no clero da Igreja Católica (esta incidência será maior do que no resto dos homens?). Mas, como o povo diz, a ocasião faz o ladrão.
4- A tendência sexual não se escolhe. Ninguém escolheu ser heterossexual, homossexual ou pedófilo. Não é a tendência sexual que é pecado mas o mau uso que dela fizermos, tanto os heterossexuais, como os homossexuais ou os pedófilos. A pedofilia (que é um crime perante a lei!), se diagnosticada a tempo, pode ser controlada, quando não, evitada totalmente.
5- Que deve fazer a Igreja para evitar ou minimizar este escândalo? Esta é a questão. O psiquiatra dá-nos algumas pistas nesta excelente entrevista.
Eu penso que uma melhor selecção dos candidatos ao sacerdócio mediante testes psicológicos obrigatórios teria que ser uma norma da Igreja.
Penso, ainda, que o fim do celibato obrigatório poderia ajudar a minimizar este problema.
E a resolver outros, claro!
P.S. Sem querer fazer deste espaço um Fórum (temos um espaço só para isso…) seria bom que outros se manifestassem.
A rubrica "Fale connosco" aborda hoje o tema "Celibato e pedofilia" num contributo do nosso colega Guerreiro e esposa.
O texto dá-nos a ler uma entrevista interessante que apareceu no Spiegelonline alemão feita a um especialista em sexologia, o berlinense Klaus Beier sendo o tema "os padres pedófilos".
Vale a pena ler.
Olá amigos,
Este blogue, "fale connosco" é mesmo muito especial. Escrevemos alguns, e, às vezes, recebemos ecos das nosas palavras. Há outros que assistem, mas não se aventuram. Talvez lhes apetecesse discordar, elogiar, desprezar, ofender... Mas, em circunstâncias tais, com este frio e esta chuva, preferem o aconhego de uma certa inércia de não criar ondas e de evitar ecos que pertubam ou molestam o ego refastelado e dormente.
Apresentando-me melhor, depois do Seminário, fui para uma República de estudantes, em Braga, porque não as há só em Coimbra. Aí completei alguma da minha formação ou deformação. O quorum era predominante de transmontanos em terras do Minho. E também havia espírito selectivo, sobretudo dos minhotos, pois o etnocentrismo ou bairrismo dos transmontanos falava mais alto. Nesse espaço e com formações diversificadas, terçávamos grandes tertúlias que nem sempre acabavam bem, Dá para imaginar... Cheguei a ter saudades do Seminário, da ordem e disciplina que lá nos ofereciam. Mas para aprender teremos que sofrer, não temos outra saída. O mundo, o encanto ou desencanto, está sempre onde está o ser humano. E, neste sítio, também o temos cá. Quem disse que somos "castrados" abomino esta palvara. E, infelizmente, cá recorro aos meus suores académicos ,como diz o JM. É o espírito de J.J. Rousseau que ainda paira nas nossas pedagogias. O homem é naturalmente bom, a sociedade é que o corrompe. Não, não sou, definitivamente, rousseauniano. Talvez tenha sofrido menos que o filósosofo de"L'Émile".
Quaisquer que sejam as circunstâncias do ser humano, acredito na força da liberdade, na capacidade de reformular-se sempre, reconstruir-se sempre, embora nunca esquecendo a sua história.
Então o comunismo não caiu na URSS? É possível domesticar o ser humano sob a bandeira ou sob a cruz? O homem tem de ser ser sempre livre, não importa a sua história. Quem sucumbe é um fraco e, portamto menos humano. Pode-se castigar o corpo, mas o pensamento é como dinamite como profetizou Bochenski, um crítico do comunismo.
Um abraço a todos.
Não acreditem em tudo o que digo. Se soubesse disso não escrevia mais. Tiravam-me a fotografia ao meu pensamento e ainda reservo muito, por muito e muito que vos comunique. Por isso, quem escrever neste sítio, acredite nesta minha ideia e não se sentirá vazio na sua comunicação, mas mais rico, porque provocador de palavras e pensamentos novos e antigos.
Ismael Vigário
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