2010-03-27
Assis - Folgosa - Maia
Gostaria de saber comentar, como foi com maestria comentado pelo amigo Ismael, o poema do Aventino, mesmo indo contra a opinião do Arsénio. Poemas puros, ao estilo de quem olha o jardim através da vidraça sem se apercebar da existência desta, à medida do belo descrito por Orytega, será difícil de encontá-los. Poemas que sirvam apenas a beleza sem mais, teremos de entrar no campo do poeta fingidor do Pessoa. Que o poema do Aventino é belo, ninguém terá dúvidas: belo na forma e no conteúdo, Poema encantador. Poderá até ser ele mesmo um fingidor, como Pessoa, mas a mentira que o seu poema carrega leva-me a acreditar que procura a verdade com as três formas do verbo gostar empregues na primeira pessoa do singular. Não necessariamente um poema de utilidades. Aventuro-me, todavia, a afirmar que o Aventino teve em mente não apenas um antigo aluno redentorista, mas três: aquele que se iniciou na Barrosa e poucos anos depois se foi; o outro que andou lá bastantes anos, e até talvez tenha chegado a ser ordenado, mas que também se foi depois de haver sofrido algumas desilusões, ou por não estar disposto a aceitar dogmas racionalmente incompreensíveis; e ainda aquele que, estando de boa fé, foi marginalizado por superiores superiormente (?) inspirados. Talvez pudesse ainda mencionar aquele que ainda hoje se encontra dentro mas que já se não atreve a saltar o muro, sofrendo por isso mais do que todos os anteriores que sairam, e até aquele que de boa fé continua a acreditar na sua vocação. - Deixo ao poeta Aventino toda a liberdade de se dizer em "voz amarga". O poema é seu ainda que no-lo tenhageresamente dedicado. O meu obrigado.