2010-03-31
ismael Vigário - Braga
Olá a todos:
Aos do palanque, do palanquim, aos intervenientes mais acalorados, mas sobretudo, aos que têm a sabedoria de pôr alguma água tépida para não morrer o doente.
Obrigado a esses, pois têm aquilo que hoje se chama a inteligência emocional e que não está tão repartida como isso. A mim, pessoalmente, falta-me alguma e se magoei alguém com a espontaneidade dos meus dixotes, peço desculpa.
Quando escrevo neste espaço, não faço rascunho, e isso, para quem se entusiasma com os temas é território de risco.Mas a vida é um risco e viver significa confrontar-se com o conflito das interpretações e Santo Aostinho dizia: si fallor ergo sum. Por isso, aceitemo-nos como somos, com as nossas diferenças. Toleremo-nos, pois isso é uma forma de sermos mensajeiros da paz, católica ou laica.
O seminário, para mim, ajudou-me a crescer, tornou-me mais humano, mais eu próprio. Nunca rejeitei essa identidade e apregou-a aos quatro ventos.
Que havia lá defeitos, claro, lá havia pessoas e isso fazia toda a diferença. Falarmos hoje de aspectos negativos, não tem muito sentido. Também houve lá bullying, mas também houve lá coisas maravilhosas.Quando lembro o seminário lembro quase tudo maravilhoso. Quase como dizia o Torga: O Mundo maravilhoso. Havia lá alfas, betas.... mas, nem todos formavamos O Amirável Mundo Novo do romacista americano Aldous Huxley. Nem essa era a intenção dos nossos educadores. Seminário diziam-nos que queria dizer semente, conduzir a semente para produzir bons frutos. Havia algum mal nisto? Porque era uma educaçãp orientada (vectorial) para um objectivo? Mas ninguém nos mentia. Não concordo com muros nem com alma seminarística, senti-me sempre pessoa e isso diz muito.
Vivemos, hoje, numa época de temas fracturantes e mediáticos. O s séc. XiX era anti-clerical, havia o Renan que o Eça plagiava, hoje há outros inspiradores a apontarem-nos com novas ideologias a encantarem-nos a alma e o corpo.
Mas, comamos o folar de Manuel José Rodrigues, proposta do Vieira e continuemos a cavaqueira com tranquilidade.
Uma boa Páscoa a todos.
Na minha aldeia nunca poderia ser a pessoa que hoje sou.
Às vezes, dou comigo a pensar e a sentir-me próximo ou afastado de quem produziu determinada ideia.