2010-01-09
Ismael Vigário - Braga
Quem disse que uma resposta não pode ser uma pergunta. Quando pergunto não quer dizer que não tenha uma certa resposta. Mas, ao querer saber, perguntando, estou apenas a abrir-me à resposta do outro. E, para que o conhecimento possa ser mais completo. Porque o problema da verdade não está num qualquer lugar ou numa qualquer pessoa eleita, inspirada,bafejada, profetizada. Mikhail Baktin, ensaísta russo, partilha uma teoria a que chamou dialogismo, isto é, o saber está partilhado por vários campos do saber e por várias interlocutores. Não há um emissor,enunciador,locutor original e neutro, único, monológico. Quando intervimos no discurso estamos sempre a responder, a replicar a outros interlocutores. Acontece que, no discurso partilhado, todos contribuem para a procura da verdade. E as réplicas nunca se podem fechar, porque, se isso acontecer, é a auto-negação discursiva. O nosso discurso tem de ser uma polifonia que, não é o mesmo que dizer harmonia. Bebamos de um qualquer néctar de Baco, seja do Minho, do Alentejo ou um carrascão do planalto do Sabugal. Mas que esse suco nos conduza à verdade partilhada. Só se fala de quem aparece nos escaparates. Há-de haver sempre alguém que diz de nós; mas, com a nossa idade, já passámos por muitas luas e o tempo também já nos conhece... Um abraço a todos os que partilham deste espaço. Ismael.