2010-05-07
Arsénio Pires - Porto
Meu caro Martins Ribeiro:
Acabei de ler a tua mensagem e fiquei amargurado com a conclusão da mesma.
Espero de todo o coração que, como afirmas, não tenha sido o que eu disse sobre Fátima (que, aliás, na sua essência já o escrevi na revista Míriam de Maio de 2009) o motivo desta tua inesperada decisão.
O que disse sobre este assunto vem na linha do que muitos teólogos católicos têm proclamado desde o início destas e doutras chamadas "aparições".
No mundo inteiro há registo de mais de 20 mil aparições da Virgem Maria. A Igreja só reconheceu 15 como autênticas. Mesmo declarando a autenticidade de algumas aparições, a Igreja “não garante a sua verdade de facto” como disse o Papa Pio X na sua encíclica Pascendi. (1907).
Ficamos, assim, a saber pela boca do Papa, que nenhum católico é obrigado a acreditar na verdade dessas aparições, apesar de a Igreja as ter declarado como autênticas. Ou seja, não são "verdade de fé".
S. João da Cruz escreveu, relatando um “diálogo”com Deus-Pai: “Pedes-me revelações? Mas Eu já te disse tudo pelo meu Filho. Vai ter com Ele, escuta-O e saberás o que deves fazer”.
De facto, Jesus foi bem claro: “Eu chamo-vos amigos, porque tudo o que ouvi do Pai vo-lo dei a conhecer” (Jo 15, 15). Portanto, não há que esperar novas “revelações”!
Espero, pois, que quem por acaso se tenha sentido ofendido com as minhas palavras as entenda como livre opinião em matéria que não é de fé cristã.
Quis deixar bem clara esta minha posição para que não haja qualquer dúvida. Não sou fundamentalista! Gosto de afirmar e justificar aquilo em que acredito e defendo. Mas, como não podia deixar de ser, admito e respeito a posição daqueles que argumentem e /ou acreditem o contrário.
Mas, caro Martins Ribeiro, como disseste, não foi o que eu disse sobre Fátima o motivo desta tua inesperada posição. E, não o sendo, venho dizer-te que não posso aceitar a tua desistência da Associação. Se necessário for, encabeçarei já aqui um MOVIMENTO para que tal não aconteça.
Tu és um dos elementos mais válidos e assíduos que temos!
Sem os teus talentos artísticos como poderemos iluminar os nossos Encontros e, sobretudo, como poderemos continuar a fazer o registo em imagens do nosso passado?
Sem a tua jovialidade sempre sorridente, como vamos suportar "certa velhice" das nossas reuniões?
Como irão as nossas mulheres admitir a ausência da tua e nossa Maria da Conceição?
O MOVIMENTO está lançado!
E, se precisares, juntos daremos peleja a quem injusta e camufladamente te atacar por estas paragens.
Tu sempre deste a cara nos bons e maus momentos.
Tu nunca falaste ocultando a cara atrás do capim.
Tu és e serás dos nossos!
SEMPRE!