2010-04-26
A. Martins Ribeiro - Terras de Valdevez
Estou a ver que, neste nosso cantinho, a moenga vai boa, vai; muito animada mesmo. E, esconjurando o dislate num latim, necessariamente macarrónico, pôr-me-ei a berrar: “… porretorum nostrum", como é que alguém pode considerar o 25 de Abril como dia mais feliz da sua vida? Não o entendo, sobretudo porque estou nos antípodas de tal conceito que para mim foi, por sua vez, a data mais miserável que pôde acontecer a um português de verdadeira Lei: o fim da sua Pátria, provocado por uma inominável canalha; e se tal razão não bastasse já, outra haveria e não menos justificativa; também porque mexeu no meu bolso e me roubou o pouco que ainda tinha na carteira. Mas, enfim, são modos de ver e que um tanto relutantemente, é certo, terei de respeitar.
Concordo com o meu amigo J.Marques quando diz que o Alvarinho nunca podia germinar na Quinta da Barrosa e é verdade porque ele é produto exclusivo da minha terra e acho que o companheiro Aventino fez bem em se inscrever no curso da “acidez” do dito, porque, na facto, não casa bem com a gordura do presunto, para mais sendo o de Chaves. Lamento que tenha chumbado no teste das caricas e só lhe digo que o examinador, ao confundi-las com a maravilha da “crica”, está muito enganado pois não sabe o que é bom. Mormente se for (imagino) a da citada Soraya Chaves.
Estava a apreciar e a folgar muito com a magnífica prosa do meu caro amigo Marques, porém, terei de desistir, pois ela enferma dum grande defeito; não tem credibilidade porque, e aqui dou razão ao nosso preclaro Arsénio, não passa da voz irreal e fantasmagórica de uma alma penada que, no meu entender, não é o mesmo que depenada, caro Arsénio. Assim sendo, por muito que me custe e sem admitir mais desculpas, terei de ignorar o amigo Marques porque só se pode admirar quem se conhece e não é possível conversar com fantasmas a não ser em estado cataléptico.
Abraços!