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2010-06-20

Ricardo Morais - Macedo do Mato

Para todos, um abraço com amor

2010-06-20

Arsénio Pires - Porto

Senti-me saudavelmente motivado pelo excelente post do Aventino.
Então, aqui vai ao correr da tecla.

Com Saramago morreu mais um pedaço do pouco que resta do comunismo. E quando morre mais um pedaço de comunismo eu sinto que o mundo “pula e avança”.
O maior embuste de todo o tempo da humanidade, o comunismo, merece finar-se assim. Sem ruído mas irreversivelmente.

Confesso que sou anticomunista! E sou anticomunista como sou antifascista e antinazista. Mas, com muito maior razão sou anticomunista pois este regime revelou-se em todos os sítios, na prática, como o mais profundamente anti-humano pois, à sua responsabilidade, são atribuídos mais 250 milhões de mortos, só no séc. XX.
Sou, pois, anticomunista mas não anti-comunistas! O que é diferente.

Não sou, portanto, anti-Saramago. Penso até que ele foi, como todo o homem de boa vontade, um ansioso pelo eterno, um “tarado” pelo absoluto.
Perseguiu o eterno que sempre negou. Amou o absoluto que sempre desprezou. Talvez por isso eu me atreva a dizer que ele foi um grande crente. Emaranhou-se nos dogmas do marxismo e, até o muro de Berlim cair, ele com muitos dos que agora por aí ainda andam, sempre defendeu  que a URSS era o paraíso terrestre, o sol do mundo, o local onde “os amanhãs cantam”.
O marxismo, transformado em comunismo, ficará na história como mais uma tentativa falhada de felicidade na terra. Falhada porque confinada ao horizonte atrás das nossas montanhas. Falhada porque só teve em conta uma das dimensões do homem. E, mesmo assim, defendida pelo caminho errado: a violência.

E assim se vai finando talvez a maior religião do séc. XX. Cheia de dogmas, com o seu “Santo Ofício” sempre de achas acesas, com o seu pensamento único, com as suas masmorras, com as suas excomunhões, com as suas peregrinações aos túmulos de Lenine e de Estaline e, por cá, até à campa de Catarina Eufémia.

Viva o paraíso terrestre onde a religião é o ópio do povo!
Que bons temas encontraria Saramago para fazer o elogio da “cegueira” que se opôs aos agricultores, chamados Kulaks, que preferiram morrer enfrentando o regime estalinista a aceitar a colectivização das suas propriedades!
Resistiram, até à morte, à expropriação e colectivização forçadas. E Estaline, “sensibilizado” confessou-o a Churchill: “Foi uma luta terrível durante a qual tive que destruir 10 milhões de pessoas. Foi horrível. Durou quatro anos. Era absolutamente necessário (…) Não valia a pena discutir com eles.” (“Estaline, A Corte do Czar Vermelho”, Simon Montefiore, pág. 105).

Paz à sua alma. À alma dos Kulaks, claro!

2010-06-20

aventino pereira - Porto

Anuncio-vos a boa nova: finou-se mais um comuna. Cada vez que morre um comunista, um fascista, um trotskista, um maoista ou outro ditador de igual jaez, regozijo-me e ganho uma nova esperança para o nosso mundo. O Senhor José de Sousa (Saramago) morreu. Está registado como autor de alguns livros que tenho de grande qualidade: "O Ano da Morte de Ricardo Reis", "O Evangelho segundo Jesus Cristo", o "Ensaio sobre a cegueira". Consta também registado como autor de alguns outros de má qualidade:"A Caverna", "O homem duplicado", "Os poemas possíveis" e "Cadernos de Lanzarote". Li toda essa obra e ainda, "O memorial", "levantado do chão", "todos os nomes", "ensaio sobre a lucidez" " o manual de caligrafia" mas também "li", em cada página desses livros, aquilo de que nos fala a história e o Arsénio: milhões de torturados, milhões de mortos. Sei do que falo: se aos dezassete anos de idade fui espancado pela Pide, aos vinte e dois fui torturado por um bando de comunas, arvorados em donos da liberdade. Luis Goes escreveu (e musicou  com um belo fado de Coimbra), um poema de que me sirvo, tantas vezes, quando o mar encapela, as vagas dominam e o leme parece ceder ao desespero: "coube-te a vida em sorte, homem mortal e é seguro: que é vida a própria morte, quando se crê no futuro". E assim, venho guiando os dias, sabendo que a morte pode, sempre, trazer, a um qualquer recanto da humanidade, um laivo de encanto, um laivo de felicidade: um futuro.

Viva, pois, a morte: de um comunista.

Quando eu morrer, alguém que (me) escreva: "Viva, pois, a morte: de um seminarista" 

2010-06-19

Alves Diamantino - Terras da Maia

- Sou também um dos cúmplices da convivência gastronómica, pelo que expresso a minha gratidão, ao estimado companheiro, Peinado Torres, pela partilha do seu diversificado cardápio, suporte das suas elevadas capacidades em marketing solidário. Até, o Aristóteles, se interessou pelas enguias, afirmando que elas emergiam do lodo por geração, enquanto Plínio, o Velho, considerava que elas resultavam de fragmentos da pele humana. Espécie marinha c/ fascinante história migratória, com uma enorme versatilidade em se deslocar, em qualquer curso de água, bem ou mal oxigenada. Procura sempre obstáculos, para se proteger ou camuflar, sendo mais activa à noite. O seu comportamento reotrópico, isto é, deslocamento contra a corrente, é talvez um factor necessário, no sentido de orientação. Assim, o seu ciclo de vida e comportamento, continuam a ser, em grande parte um mistério. Preparados desde a infância para os mistérios, e crentes na ciência e fé, foi com uma fezada que entramos na degustação. Impossível, companheiros, descrever a conjugação entre os apetites sensoriais, após o tratamento culinário, do peixe que não tem cara de peixe, sofreu. Esta vivência, só, no restaurante do Zé, numa das Gafanhas de Aveiro. Serve-me de pretexto, veio assim à baila, a propósito de algumas criaturas, anatomicamente diferentes, temperamentalmente algo idênticas, que se nos escapam, se movem c/ agilidade, dissimuladas e caprichosas. Que me desculpem as enguias, as verdadeiras. Saciada a gula, havia que repor em níveis aceitáveis, os conteúdos etílicos, para tal, aproveitamos os ventos da ria, para acelerar a lei da evaporação, numa amena cavaqueira em lenta caminhada, a três, para promoção da sã convivência em movimento, no ser solidário. Saudações dum ex-seminarista redentorista
2010-06-18

Ricardo Morais - Macedo do Mato

Li os cuidados lembrados pelo Arsénio na interpretação dos factos históricos e concordo com eles. É o método crítico histórico. Só podemos julgar segundo o que na data dos factos era possível saber. Os textos que se seguem dão uma ideia sobre os mortos na URSS, na sua maioria na sequência de agressões estranjeiras. Tabém se pode ver que internamente os que mais sofreram foram os camponeses e que Estáline está directamente implicado em muitas mortes. Chamo a atenção o texto que refere um dimnuição durante dois anos da natalidade na URSS. O autor citado não deve andar longe da realidade. Um extermínio massivo é criação da guerra fria e está por trás das fontes citadas pelo Arsénio. Segundo essas fontes o número de mortos na URSS poderia situar-se entre os 60 e os 100 milhões numa data em que a população da USS rondava os 140 milhões. Por outro lado, os mesmos outros autores dimnuem a importância da vitória da URSS por ter recursos e população superiores à Alemanha em cerca de um terço.

Ao Arsénio peço encarecidamente que reveja as estatísticas de forma a culpar os agressores, que não eram comunistas, e não as vítimas. Prometo voltar com uma análise crítica das fontes e gostaria de ver mais opiniões.

Um abraço

 

OUTRAS FONTES

 

Os textos foram copiados de: História Universal, O Mundo Contemporâneo, autor: J. NÉRÉ, ed. Portuguesa do Círculo de Leitores de 1977

 

Pág. 422, §2

“Em última análise, a revolução Bolchevista levara a melhor, mantendo-se no meio de tamanhas dificuldades que muita gente, fora ela, lhe profetiza a ruína. Mas o balanço era pesado. A guerra civil acrescentara l milhão de
mortos e 7 milhões e meio de vítimas civis — que tinham sucumbido á fome, ao frio, às epidemias— aos 4 milhões de mortos na guerra contra a Alemanha. E os sobreviventes haviam suportado sofrimentos capazes de
alquebrar as almas melhor temperadas.”

 

Pág. 424, §3

“Por falta de meios, a reconstituição da indústria, portanto, é muito lenta. Só em 1926 ou 1927 as grandes indústrias voltam a atingir o nível de antes da guerra, nível muito baixo e cada vez mais insuficiente, pois as necessidades do país e sobretudo dos camponeses, aumentaram sensivelmente. Com efeito, depois da guerra civil, a população recomeça a aumentar rapidamente o que confirma a prodigiosa vitalidade do povo russo. E aflui para as cidades. Uma nova camada de camponeses arruinados, de escasso rendimento industrial em resultado da sua inexperiência, muitos dos quais, aliás, não encontram emprego: em 1927 ainda se recenseiam um milhão e meio de desempregado.”

 

Em 1925 há atraso da indústria em relação à agricultura

 

Em 1926 iguala-se a produção agrícola de antes da guerra.

 

Em 1927 há uma crise na agricultura com redução da produção para metade e é o fim dos Kulaks, são deportados por ordem de Stáline. Deportação significa más condições de vida.

Pág. 425, §3

Sem entrar nas distinções um tanto ou quanto escolásticas que se tem tentado estabelecer entre as diferentes categorias de camponeses, é certo que, ao estimular ao máximo a produção agrícola, se favorece ao mesmo tempo, no campo, uma diferenciação cada vez maior entre os que triunfam desigualmente. Os mais bem sucedidos são os kulaks, personagens tão mal definidos quanto frequentemente citados. São os que fornecem, propor­cionalmente, a maior quantidade de “excedentes" indispensáveis as cidades; mas não constituirão uma classe económica e socialmente poderosa e sur­damente hostil ao regime? Donde as contradições da política soviética em relação a eles: em 1925, autoriza-se oficialmente a locação de terras e a contratação de assalariados. O kulak, porém, suspeito às autoridades, continua privado do direito de voto”.

 

Em 1929 começa a criação dos Kolkozes. A adesão dos camponeses é facultativa.

 

Em 1932 verifica-se uma fome nos campos.

 

Pág. 430, §4

“Por último, não se poderia deixar passar em silêncio a anomalia demográ­fica, assinalada, ao mesmo tempo, por P. Sorlin (op. cit., p. 135) e E. Zaleski (op. cit., p. 245): a população real da U.R.S.S., por volta de 1932-1933, teria uns dez milhões menos do que as previsões resultantes do prolongamento das curvas anteriores. A anomalia será imputável a uma alta excepcional da mortalidade ou a uma queda repentina da natalidade? Talvez possamos atribuí-la às mortes violentas que sobrevieram por ocasião da colectivização mas, sobretudo, à mortalidade decorrente das condições de vida excepcionalmente difíceis: deportações em massa dos kulaks e das suas famílias; a fome no campo; deficiências de higiene, abastecimento e meios de aquecimento nos novos canteiros, criados de qualquer maneira, longe dos lugares habitados. As mesmas razoes, mormente a separação temporária de muitas famílias, talvez expliquem a queda temporária da natalidade. Em 1934 75% das terras estão colectivizadas.”

 

Pág. 431, §3

“AS GRANDES “EXPURGACÕES'

Um derradeiro acontecimento, no entanto, deve ser mencionado, ainda que seja apenas pelo lugar que ocupa na actualidade e na literatura: os grandes "expurgos", que renovaram o aparelho do partido e do Estado so­viético por volta dos anos de 1935 e1936. A parte mais espectacular desses factos foi representada pêlos processos de Moscovo, dirigidos principalmente contra antigos adversários de Estaline “trotskistas'' ou “bucarianianos", ou contra importantes chefes militares, notadamente o Marechal Tukha-tchevski. Mas o relatório apresentado por Kruchtchev ao XX Congresso do Partido Comunista da U.R.S.S., em 1956, dá ao fenómeno uma dimensão totalmente diversa. De acordo com esse relatório, dos 139 membros e suplentes do Comité Central do XVII Congresso (1934), 98 foram presos e fuzilados por ocasião das “expurgações"; dos 1966 delegados ao Congresso, 1108 foram detidos.”

 

Pág. 466, §2

“A guerra contra a Rússia caracteriza-se, desde o começo, pelo seu en­carniçamento implacável e é talvez em relação a esse conflito que os alemães desenvolvem, de outro lado, os seus métodos de extermínio, principalmente nos campos de concentração, mesmo em detrimento das suas necessidades de mão-de-obra.”

 

Pág. 469, §2

“… A guerra, infligindo terríveis sofrimentos às populações da U.R.S.S., determinou um intenso despertar do patriotismo ancestral, que se casou muito bem, pelo menos durante algum tempo, com as convicções comunistas. O esforço da retaguarda, no domínio da produção e da trans­ferência das indústrias para o Leste, mostrou-se igualmente à altura da heróica tenacidade dos combatentes da frente.”

 

Pág. 478, §4

“AS CONSEQUÊNCIAS

O regime nazi foi abatido, e a sua derrota no plano ideológico foi tão completa que, ao cabo de trinta anos, nenhum movimento propriamente fascista teve, em parte alguma, sérias probabilidades de êxito. O socialismo, ao contrário - embora se devam abranger, sob essa palavra, muitas coisas di­ferentes  - penetrou na maioria dos países, seja a título de referência teórica, seja em realizações práticas.”

 

Sobre o número de mortes na URSS na sequência da agressão nazi um sítio em português refere 27 milhões. Outros autores referem 25 milhões ou algo menos. Durante os 4 anos que durou a agressão foram mortos diariamente cerca de dez mil e quinhentos cidadãos da URRS.

 

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