Homens passados e presentes, todos nós que manejamos as palavras como se fossem varas de jogar ao pau:
As palavras estão gastas e o tempo que nos resta é já pouco e nevoeirento.
Nada justifica a perca dum copo de vinho depois dum abraço suado e saudoso.
Quem somos nós para rasgar o passado?
Quem somos nós para safar da memória tudo o que nos une?
Que ideologia ou religião nos pode separar?
Quem nos pode afastar ainda que seja dos “abraços de atacado”?
O nosso futuro foi ontem.
Resta-nos a colheita da azeitona em dias de névoa e frio intenso.
Já não veremos o azeite sobre o pão!
Que “argumentos estatísticos” nos podem separar da amizade?
Que mãe ou madrasta desmerece o nosso amor por nos ter tirado das estevas, urzes e penedos?
E perdemo-nos lançando palavras ao vento como se aí estivesse a resposta.
Somos do norte, sul, este e oeste.
Mas antes fomos do centro. Do sítio onde as coisas todas nascem.
Raios partam as palavras sem sorrisos e abraços.
Desculpem mas eu não abdico de amigo nenhum!
Muito menos de todos vocês que são muito mais que amigos!
Ainda que o não queiram!
Juro, por esta rosa
que toco
ou me suspende,
que nada sei do mundo!
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Não digas palavras
vastas.....
porque é triste!
Lenta é a orfandade dum eco:
e ampla.!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Estes versos de introdução são do poeta Jorge Amorim que era o pseudónimo de um Padre Redentorista que, no meu tempo, vivia, rezava e poetava na nossa casa da Rua Firmeza. Creio que só publicou dois livros : "ANJOS TRISTES" e " A BELEZA E AS LÁGRIMAS" Depois emigrou, julgo eu, para a América Latina e nunca mais soube nada dele. Alguém pode dar-me alguma achega sobre o seu paradeiro?
Mas isto só bem a propósito do que tenho lido nos últimos dias sobre "ismos" e Saramago.
Os amigos mais chegados sabem o que penso sobre os dois temas e os outros,certamente, não devem ter grande interesse naquilo que eu penso.
Confesso, no entanto,que apareceram textos de grande qualidade nos últimos dias e se não refiro nenhum, aqui e agora,em especial é para não ferir susceptibilidades, uma vez que os houve de tendências bem contrárias e eu respeito,ou tento respeitar, todas as correntes mesmo as que me causam engulhos e azia.
Gostaria que, ao espreitar o nosso site, me "saltasse" sempre um bom escrito para irmos alimentando a nossa convivência pois é um bom modo de irmos fazendo a nossa catarse colectiva.
Meus caros,
comunicar é estratégico em qualquer organização e são claros os objectivos no nosso grupo. Fazê-lo em cenários mais ou menos complexos é sempre um desafio curioso para os nossos actores, se assim lhes posso chamar.
Vou-me reservando a um papel menos participativo mas atento, mas não menos activo e por vezes algumas situações surpreendem-me.
Mas, Ismael, vamos desembainhar a espada sem receios nem preconceitos, os tais que ainda marcam com ferrete algumas vidas.
O palco está livre, a bancada continua montada e sabemos as linhas com que nos cosemos.
As “conversas” podem ser mais ou menos acesas mas no "fale connosco" entramos para conviver... e a conversa vai interessante.
Aventino,
A palavra censura, tantas vezes repetida, só tu sabes verdadeiramente o que quiseste dizer com ela, porque a mim não me serve o termo. Discordar é a expressão do homem livre e que oferece aos outros o direito à palavra. Tens direito a dizer o que disseste e o seu contrário. E, da mesma forma, também posso discordar de ti e de outros, o que já fiz.
A associação tem uma determinada identificação e diz-me respeito e não sou pessoa de amuar ou desistir de uma boa conversa, sempre que se justifique. Não acho que na associação haja direito a intocáveis e atirem o ferrete para o outro, e se posicionem semânticamente em metáforas que disparem em todos as direcções sem percebermos o alvo.
Ter andado no seminário não foi nenhuma fatalidade. No meio de algumas desgraças houve também muita graça, muita, mesmo muita.
Entrar por um caminho não significa que não se possa encontrar outra saída, mas aceitemos até que isso exista nos livros. Kafka ia muito por aí. Mas Kafka é kafka e não é todo o homem. Ortega Y Gasset dizia que o homem é ele e as sua circunstâncias. E valorizava a importância da liberdade no homem e não tanto as circunstâncias. Refugiar-se nas circuntâncias é um comodismo fixe! É recusar que dependemos essencialmente de nós, do nosso querer.
A vitimização, no caso dos ex-seminaristas, parece-me que é paga de mau pagador. Abriram os olhos e viram que estavam nus e esconderam-se.
Querem esquecer, exorcizar aquela educação. Mas aquele era apenas um possível caminho, não era o caminho. Por que discutimos o óbvio?
Ressentimento, pedido de justiça? De quem? Dos nossos educadores? De tantos sacrifícios que todos fizeram por cada um de nós?
Sejamos razoáveis. Querem sangue? Não estou desse lado.
Por qualquer caminho que tenhamos iniciado, podemos sempre mudar de direcção e foi isso que a maioria fez.
Educação castradora? Já lá vai longe. É um argumento estafado para negar a liberdade e o futuro; é recusar-se a crescer e querer sempre ficar criança, no pior sentido.
"Desgraçadas das mulheres que casam com seminaristas", disse o Aventino, na sua brilhante palestra... Claro que que percebi o relativismo das tuas palavras e não as tomei à letra. Mas, por outo lado, porque fazer uma afirmação tão acintosa? Apenas ironia, desfocagem?
Há sempre alguma desgraça no caminho, mas, temos que o fazer, de outro modo seremos vates da desgraça.
Os homens que foram seminaristas têm determinadas características, os que foram padres e casaram têm outras, os liceiais... e daí? Isso é determinismo e contradição nos termos. Isso é negar a poesia no sentido de que a palavra poética é uma palavra aberta, livre e criadora e, ela própria, apresentadora de ideias novas, vida renovada.
Gosto dos poetas. Adoro a poesia. Acho que quem escreve, em geral. o faz por um gesto de generosidade e de abertura ao outo e não por vaidade ou egoismo.
Por isso, vivam os poetas!... viva o poder da palavra nova que repele a censura.
A nossa cen.... e a deles. A nossa censura nunca é a deles.
Senão fechava-se o circuito e deixava de haver diá-logo, palavra para o outro.
Quem inventou a censura? Os latinos? Os censores faziam parte do cursus honorum. Censores, nós, eu? Quem disse que há censura?
Isso interessa aos políticos, mas não a nós que temos a amizade de dizermos o que sentimos e o que pensamos.
Não recebemos nada senão o prazer de experimentarmos esta sensação de comunicarmos, gesto tão natural e humano. Homo alalus, não, que ideia!
Um abraço ao Aventino e a todos os que nos leêm.
Ismael
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