2010-06-18
Ricardo Morais - Macedo do Mato
Li os cuidados lembrados pelo Arsénio na interpretação dos factos históricos e concordo com eles. É o método crítico histórico. Só podemos julgar segundo o que na data dos factos era possível saber. Os textos que se seguem dão uma ideia sobre os mortos na URSS, na sua maioria na sequência de agressões estranjeiras. Tabém se pode ver que internamente os que mais sofreram foram os camponeses e que Estáline está directamente implicado em muitas mortes. Chamo a atenção o texto que refere um dimnuição durante dois anos da natalidade na URSS. O autor citado não deve andar longe da realidade. Um extermínio massivo é criação da guerra fria e está por trás das fontes citadas pelo Arsénio. Segundo essas fontes o número de mortos na URSS poderia situar-se entre os 60 e os 100 milhões numa data em que a população da USS rondava os 140 milhões. Por outro lado, os mesmos outros autores dimnuem a importância da vitória da URSS por ter recursos e população superiores à Alemanha em cerca de um terço.
Ao Arsénio peço encarecidamente que reveja as estatísticas de forma a culpar os agressores, que não eram comunistas, e não as vítimas. Prometo voltar com uma análise crítica das fontes e gostaria de ver mais opiniões.
Um abraço
OUTRAS FONTES
Os textos foram copiados de: História Universal, O Mundo Contemporâneo, autor: J. NÉRÉ, ed. Portuguesa do Círculo de Leitores de 1977
Pág. 422, §2
“Em última análise, a revolução Bolchevista levara a melhor, mantendo-se no meio de tamanhas dificuldades que muita gente, fora ela, lhe profetiza a ruína. Mas o balanço era pesado. A guerra civil acrescentara l milhão de
mortos e 7 milhões e meio de vítimas civis — que tinham sucumbido á fome, ao frio, às epidemias— aos 4 milhões de mortos na guerra contra a Alemanha. E os sobreviventes haviam suportado sofrimentos capazes de
alquebrar as almas melhor temperadas.”
Pág. 424, §3
“Por falta de meios, a reconstituição da indústria, portanto, é muito lenta. Só em 1926 ou 1927 as grandes indústrias voltam a atingir o nível de antes da guerra, nível muito baixo e cada vez mais insuficiente, pois as necessidades do país e sobretudo dos camponeses, aumentaram sensivelmente. Com efeito, depois da guerra civil, a população recomeça a aumentar rapidamente o que confirma a prodigiosa vitalidade do povo russo. E aflui para as cidades. Uma nova camada de camponeses arruinados, de escasso rendimento industrial em resultado da sua inexperiência, muitos dos quais, aliás, não encontram emprego: em 1927 ainda se recenseiam um milhão e meio de desempregado.”
Em 1925 há atraso da indústria em relação à agricultura
Em 1926 iguala-se a produção agrícola de antes da guerra.
Em 1927 há uma crise na agricultura com redução da produção para metade e é o fim dos Kulaks, são deportados por ordem de Stáline. Deportação significa más condições de vida.
Pág. 425, §3
“Sem entrar nas distinções um tanto ou quanto escolásticas que se tem tentado estabelecer entre as diferentes categorias de camponeses, é certo que, ao estimular ao máximo a produção agrícola, se favorece ao mesmo tempo, no campo, uma diferenciação cada vez maior entre os que triunfam desigualmente. Os mais bem sucedidos são os kulaks, personagens tão mal definidos quanto frequentemente citados. São os que fornecem, proporcionalmente, a maior quantidade de “excedentes" indispensáveis as cidades; mas não constituirão uma classe económica e socialmente poderosa e surdamente hostil ao regime? Donde as contradições da política soviética em relação a eles: em 1925, autoriza-se oficialmente a locação de terras e a contratação de assalariados. O kulak, porém, suspeito às autoridades, continua privado do direito de voto”.
Em 1929 começa a criação dos Kolkozes. A adesão dos camponeses é facultativa.
Em 1932 verifica-se uma fome nos campos.
Pág. 430, §4
“Por último, não se poderia deixar passar em silêncio a anomalia demográfica, assinalada, ao mesmo tempo, por P. Sorlin (op. cit., p. 135) e E. Zaleski (op. cit., p. 245): a população real da U.R.S.S., por volta de 1932-1933, teria uns dez milhões menos do que as previsões resultantes do prolongamento das curvas anteriores. A anomalia será imputável a uma alta excepcional da mortalidade ou a uma queda repentina da natalidade? Talvez possamos atribuí-la às mortes violentas que sobrevieram por ocasião da colectivização mas, sobretudo, à mortalidade decorrente das condições de vida excepcionalmente difíceis: deportações em massa dos kulaks e das suas famílias; a fome no campo; deficiências de higiene, abastecimento e meios de aquecimento nos novos canteiros, criados de qualquer maneira, longe dos lugares habitados. As mesmas razoes, mormente a separação temporária de muitas famílias, talvez expliquem a queda temporária da natalidade. Em 1934 75% das terras estão colectivizadas.”
Pág. 431, §3
“AS GRANDES “EXPURGACÕES'
Um derradeiro acontecimento, no entanto, deve ser mencionado, ainda que seja apenas pelo lugar que ocupa na actualidade e na literatura: os grandes "expurgos", que renovaram o aparelho do partido e do Estado soviético por volta dos anos de 1935 e1936. A parte mais espectacular desses factos foi representada pêlos processos de Moscovo, dirigidos principalmente contra antigos adversários de Estaline “trotskistas'' ou “bucarianianos", ou contra importantes chefes militares, notadamente o Marechal Tukha-tchevski. Mas o relatório apresentado por Kruchtchev ao XX Congresso do Partido Comunista da U.R.S.S., em 1956, dá ao fenómeno uma dimensão totalmente diversa. De acordo com esse relatório, dos 139 membros e suplentes do Comité Central do XVII Congresso (1934), 98 foram presos e fuzilados por ocasião das “expurgações"; dos 1966 delegados ao Congresso, 1108 foram detidos.”
Pág. 466, §2
“A guerra contra a Rússia caracteriza-se, desde o começo, pelo seu encarniçamento implacável e é talvez em relação a esse conflito que os alemães desenvolvem, de outro lado, os seus métodos de extermínio, principalmente nos campos de concentração, mesmo em detrimento das suas necessidades de mão-de-obra.”
Pág. 469, §2
“… A guerra, infligindo terríveis sofrimentos às populações da U.R.S.S., determinou um intenso despertar do patriotismo ancestral, que se casou muito bem, pelo menos durante algum tempo, com as convicções comunistas. O esforço da retaguarda, no domínio da produção e da transferência das indústrias para o Leste, mostrou-se igualmente à altura da heróica tenacidade dos combatentes da frente.”
Pág. 478, §4
“AS CONSEQUÊNCIAS
O regime nazi foi abatido, e a sua derrota no plano ideológico foi tão completa que, ao cabo de trinta anos, nenhum movimento propriamente fascista teve, em parte alguma, sérias probabilidades de êxito. O socialismo, ao contrário - embora se devam abranger, sob essa palavra, muitas coisas diferentes - penetrou na maioria dos países, seja a título de referência teórica, seja em realizações práticas.”
Sobre o número de mortes na URSS na sequência da agressão nazi um sítio em português refere 27 milhões. Outros autores referem 25 milhões ou algo menos. Durante os 4 anos que durou a agressão foram mortos diariamente cerca de dez mil e quinhentos cidadãos da URRS.