2010-06-19
Alves Diamantino - Terras da Maia
- Sou também um dos cúmplices da convivência gastronómica, pelo que expresso a minha gratidão, ao estimado companheiro, Peinado Torres, pela partilha do seu diversificado cardápio, suporte das suas elevadas capacidades em marketing solidário.
Até, o Aristóteles, se interessou pelas enguias, afirmando que elas emergiam do lodo por geração, enquanto Plínio, o Velho, considerava que elas resultavam de fragmentos da pele humana.
Espécie marinha c/ fascinante história migratória, com uma enorme versatilidade em se deslocar, em qualquer curso de água, bem ou mal oxigenada. Procura sempre obstáculos, para se proteger ou camuflar, sendo mais activa à noite. O seu comportamento reotrópico, isto é, deslocamento contra a corrente, é talvez um factor necessário, no sentido de orientação. Assim, o seu ciclo de vida e comportamento, continuam a ser, em grande parte um mistério.
Preparados desde a infância para os mistérios, e crentes na ciência e fé, foi com uma fezada que entramos na degustação. Impossível, companheiros, descrever a conjugação entre os apetites sensoriais, após o tratamento culinário, do peixe que não tem cara de peixe, sofreu.
Esta vivência, só, no restaurante do Zé, numa das Gafanhas de Aveiro.
Serve-me de pretexto, veio assim à baila, a propósito de algumas criaturas, anatomicamente diferentes, temperamentalmente algo idênticas, que se nos escapam, se movem c/ agilidade, dissimuladas e caprichosas. Que me desculpem as enguias, as verdadeiras.
Saciada a gula, havia que repor em níveis aceitáveis, os conteúdos etílicos, para tal, aproveitamos os ventos da ria, para acelerar a lei da evaporação, numa amena cavaqueira em lenta caminhada, a três, para promoção da sã convivência em movimento, no ser solidário.
Saudações dum ex-seminarista redentorista