2010-12-03
Arsénio Pires - Porto
Vou contar-vos uma história, verdadeira, que recebi por mail e traduzi para quem quiser lê-la.
Garanto-vos que vale a pena ser lida!
Certo dia um músico de rua colocou-se junto à entrada do metro “L’Enfant Plaza” de Washington, DC.
Era uma manhã muito fria do mês de Janeiro.
O violinista esteve a tocar durante 45 minutos. Começou com Bach, depois o “Ave Maria” de Schubert, em seguida Manuel Ponce e Massenet. Finalmente, Bach de novo.
Eram as 8 da manhã, hora de ponta. Passados alguns minutos, um homem de idade avançada reparou no músico, diminuiu os passos, deteve-se uns segundos e seguiu de novo o seu caminho. Um minuto mais tarde, o músico recebeu o primeiro dólar; foi uma mulher que, sem parar, lançou a nota para dentro da caixa do violino. Pouco depois, um indivíduo parou e escutou-o durante uns instantes mas, depois de olhar para o relógio, desatou a andar rapidamente. Estava, certamente, atrasado.
Quem prestou maior atenção foi um menino de 4 anos. Mas a sua mãe interrompeu o miúdo puxando-o fortemente pelo braço. E lá seguiram enquanto ele, quase arrastado, continuava a olhar para o músico com a cabeça voltada para trás.
Durante os 45 minutos que o músico esteve a tocar, somente 7 pessoas pararam para o escutar mas todas muito brevemente.
Ao todo, conseguiu amealhar 32 dólares!
Ninguém olhou para ele quando ele deixou de tocar. Ninguém lhe bateu palmas.
Mais dum milhar de pessoas passou por ele mas ninguém o reconheceu.
Ninguém se deu conta de que o músico era Joshua Bell, um dos melhores violinistas do mundo.
Naquele passeio do metro tocou algumas das mais difíceis e belas partituras que se escreveram para violino e… com um Stradivarius de 1713 valorizado em 3,5 milhões de dólares!
Dois dias antes deste acontecimento já não havia bilhetes à venda para o seu concerto no teatro de Boston! E custavam quase 100 dólares cada um.
Esta actuação incógnita do violinista Joshua Bell, na estação do metro, foi planeada e organizada pelo “Washington Post” para investigar a percepção, o gosto e as prioridades das pessoas.
Eram estas as perguntas para que se procurava obter resposta:
1. Podemos nós, no ambiente do dia-a-dia e numa hora fora do habitual, apreciar a beleza?
2. Somos capazes de parar para apreciar a beleza?
3. Conseguimos reconhecer um talento fora do contexto habitual em que ele, por norma, se manifesta?
Que conclusão podemos tirar desta experiência? Talvez esta:
Se não somos capazes de parar para escutar um dos melhores músicos contemporâneos a executar algumas das melhores obras mundiais para violino, quantas coisas extraordinárias e belas estaremos a perder por andarmos distraídos com o nosso rotineiro dia-a-dia?
Nota: Meus amigos, aqui há dias apeteceu-me regar um excelente cozido, que a minha mulher bem sabe preparar, com um não menos excelente tinto de Palmela, V.Q.P.R.D., que o meu amigo Alex me tinha oferecido quando, em 2003, fiz anos. Estava estragado. Avinagrado. (Talvez alguma das restantes “botelhas” esteja em bom estado…).
Moral:Tenho andado muito distraído!