O nosso J.Marques quer esticar (me) a corda e eu não sou de fugir a nenhuma peleja. No entanto, como genuíno transmontano, prefiro o jogo do malhão: os jogadores estão frente a frente e, quando há dúvida sobre o alcance da pedra, vão a meças.
A ti, caro JM, nem te vejo e, apesar de esticares acorda, não alcanço a ponta por onde puxas!
Mas vamos ao jogo.
Com a tua intervenção, deste-me fogo para produzir um texto, que tenho ainda na cabeça, sobre essa coisa da fé. O que é e para que serve.
Logo que o ponha em letra de forma, enviá-lo-ei para os “Pontos de Vista” e, depois, já veremos quem puxa a corda e para onde.
Aceitas o desafio?
O colega Arsénio também quer música e um Natal sem música é como um anjo sem asas, mas vai ter de esticar outro instrumento.Mas vou-lhe dar alguma corda já que tanto se aprimorou nos galanteios.Acaba no desenvolvimento do seu texto por perceber e afirmar até que "a nossa fé só interessa na medida em que fazemos alguma coisa com ela em favor dos outros" e essa conclusão diagnostica a problemática em que assentam os costumes religiosos das nossas gentes, que corporizam a vivência cristã apenas à volta do seu umbigo, dos seus interesses e defendem dogmaticamente o que interiorizaram para assegurar o prémio final no dia do Juízo por mera fidelização, esquecendo que é agindo em favor do próximo desconfortado na vida que o seu espírito será compensado e repousará no ocaso final em paz.O Gaudêncio aborda com singeleza a cegueira religiosa, como poderia ser a cegueira política ou até desportiva e o tema daria pano para mangas. Fala fugindo ao tema, do Solestício de Inverno, cujo desenvolvimento deveria constar no tópico Pontos de Vista, para que houvesse uma percepção mais clara e relacional com a institucionalização do Natal, que é uma quadra que eu até aprecio, por associação à minha meninice, pelo frenesim que empolga as famílias e pela acalmia curiosa que influencia o coração dos homens. Mas é uma quadra que não faz mal, por tão bem que sabe.
Meu caro Martins Ribeiro:
Só agora venho a terreno pois fugi da cidade para a aldeia e regressei agora mesmo.
Compreendo a tua indignação perante o desbragado texto do J. Marques. Estou contigo.
Mas eu não me sentirei assim tão ofendido pois "vozes de burro não chegam ao céu", não é? Conhecemos bem o seu estilo! E também o nosso sentido de sã tolerância e até de Amor (somos nós os crentes n'Ele...) leva-nos a reagir, sim, mas a "deixar correr"... Uma coisa é a forma e outra bem diferente é o conteúdo.
Assim daremos mais vida ao site. Como se vê.
Lamento ter sido o texto do Saramago, que eu coloquei no "Pontos de Vista", o iniciador desta pequena polémica. A minha intenção ao colocá-lo foi partilhar com todos nós este texto, muito humano e muito aproximativo do que poderia ter acontecido no nascimento d'Aquele que, sendo Filho de Deus, "em tudo foi igual a nós excepto no pecado" como nos diz S. Paulo.
O que mais me maravilha neste texto é a solidariedade e amor daqueles pobres pastores perante a pobreza e desamparo de Jesus, Maria e José. Saramago dá-nos esse maravilhoso retrato da solidariedade humana que, como sempre, é mais própria dos pobres do que dos ricos.
Os pobres sabem bem dividir o pedaço de pão que os ricos, quando e como querem, lhe concedem. Então, como agora.
Apesar de tudo, o J.Marques parece-me um homem profundamente inquieto e preocupado com o essencial da nossa fé (e dele, pois confessa-se crente).
E isso é bom.
A nossa fé só interessa na medida em que fazemos alguma coisa com ela em favor dos outros. Disse o pastor:
“Com estas minhas mãos amassei este pão que te trago”!
Meus amigos,
andei todo o dia a compôr o texto para "atirar" ao Marques nas minhas calmas e depois de o colocar é que me deparei já com outras mensagens.
O nosso amigo Davide, o tal dos sabores requintados, omitiu-se do discurso aberto. Mas pelo menos apareceu, o que é muito bom, para a mensagem natalícia, embora este espaço esteja destinado à conversa, e por vezes esta não é consensual nem tem de agradar sempre a gregos e troianos.
Um dos últimos livros que li e que tem por título "Deus existe"? é um confronto sobre verdade, fé e ateísmo e coloca frente a frente o Cardeal Joseph Ratzinger e Paolo Flores d'Arcais, este último director da revista Micromega, filósofo ateu , em que o actual papa diz que "é importante que não vivamos apenas no recinto das nossas aquisições e das nossas identidades e estejamos realmente expostos às perguntas dos outros."Também debatem o "absurdo da fé" ou a expressão de S.Paulo de que "a fé é escândalo para a razão" e os temas desenvolvem-se com tolerância perante mais de 2 mil pessoas. Já falei sobre esta obra aqui.
Não tenho pedal para estes temas e sou mais afoito a falar sobre as preciosidades à mesa em noite de ceia natalícia e tenho a certeza que o Davide daria umas dicas interessantes para "embelezar" o bacalhau à portuguesa.
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