2010-12-25
Arsénio Pires - Porto
Meu caro Martins Ribeiro:
Só agora venho a terreno pois fugi da cidade para a aldeia e regressei agora mesmo.
Compreendo a tua indignação perante o desbragado texto do J. Marques. Estou contigo.
Mas eu não me sentirei assim tão ofendido pois "vozes de burro não chegam ao céu", não é? Conhecemos bem o seu estilo! E também o nosso sentido de sã tolerância e até de Amor (somos nós os crentes n'Ele...) leva-nos a reagir, sim, mas a "deixar correr"... Uma coisa é a forma e outra bem diferente é o conteúdo.
Assim daremos mais vida ao site. Como se vê.
Lamento ter sido o texto do Saramago, que eu coloquei no "Pontos de Vista", o iniciador desta pequena polémica. A minha intenção ao colocá-lo foi partilhar com todos nós este texto, muito humano e muito aproximativo do que poderia ter acontecido no nascimento d'Aquele que, sendo Filho de Deus, "em tudo foi igual a nós excepto no pecado" como nos diz S. Paulo.
O que mais me maravilha neste texto é a solidariedade e amor daqueles pobres pastores perante a pobreza e desamparo de Jesus, Maria e José. Saramago dá-nos esse maravilhoso retrato da solidariedade humana que, como sempre, é mais própria dos pobres do que dos ricos.
Os pobres sabem bem dividir o pedaço de pão que os ricos, quando e como querem, lhe concedem. Então, como agora.
Apesar de tudo, o J.Marques parece-me um homem profundamente inquieto e preocupado com o essencial da nossa fé (e dele, pois confessa-se crente).
E isso é bom.
A nossa fé só interessa na medida em que fazemos alguma coisa com ela em favor dos outros. Disse o pastor:
“Com estas minhas mãos amassei este pão que te trago”!