2011-01-12
A. Martins Ribeiro - Terras de Valdevez
Caro companheiro e amigo M.José Rodrigues: após ler lido o seu texto de contraditório a outro meu anterior, reconheço o seu direito á indignação, um tanto exagerada no meu entender, mas legítima. Se vir que poderá servir de desculpa e se ma poder relevar, peço-lhe encarecidamente que atenda também á minha seguinte explicação: em primeiro lugar e como parece que percebi, na verdade, estas ferramentas electrónicas pregam-nos diversas partidas o que, suponho, aconteceu neste caso. Há escritores que não ligam a pontuações mas, devo concluir que elas fazem todo o sentido num qualquer texto literário em termos de o tornar rigoroso. Ora, tendo eu examinado o seu tópico causador da discórdia, ele não deixava dúvidas quanto á sua (aparente) clareza. Daí a minha confusão e, reconheço, destemperada reacção. Achei estranhos os tais abraços PS, desenquadrados de toda a lógica, pois eles seriam, forçosamente, discriminativos em relação a outros leitores que não os pudessem aceitar. O que a mim nunca passou pela cabeça pudesser ser um propósito seu. Aqui, bato com a mão no peito se, porventura, aventou essa conclusão.
A talho de foice devo esclarece-lo de que eu me estou a marimbar para a política, é jogo em que, desde há muito, não entro nem quero entrar, nada tenho contra e aceito todos os abraços, sejam eles PSs, PSDs, PCs, CDSs, Bloquistas, e outros que tais sem qualquer reparo, por conseguinte, não veja o caro Rodrigues qualquer intenção menos clara da minha parte nem ela encerra nada de oculto quer nas entrelinhas quer por detrás delas, pelo que não tenha cuidado em decifrar seja o que for. Tratou-se apenas de um escrito pretensamente jocoso (e reconheço agora, também abacocado) que se, na verdade e como disse, não tivesse um neurónio, pelos vistos e sem o notar, em mau estado, nunca o teria publicado. Pois eu deveria ter em conta que este género de liberdades apenas se podem tolerar entre amigos muito chegados e não com um companheiro com quem apenas tenho uma amizade institucional. Pode crer, mesmo assim, que não pretendi fazer graçolas de mau gosto, fosse com quem fosse, muito menos com a sua pessoa. Por isso, peço-lhe sinceramente desculpa e garanto-lhe que tal não voltará a acontecer, nem consigo nem com outros colegas.
Pelos vistos a alegoria da caravana caiu no goto mas, neste caso, não abro mão e mantenho o que escrevi: aceito que esteja provado que os perros ao ladrar a uma caravana que passa o poderão fazer de forma selectiva só que, se assim fosse, ninguém o poderia distinguir, a não ser os próprios animais. E o certo é que, na mera hipótese de ladrarem apenas aos “maus”, os “bons” também ouviriam os mesmos latidos. Sabe que eu até gosto muito dos cães, cumprimento sempre um cão, alguma gente me recuso, e gosto mesmo que o cão me ladre pois é sinal de que me aceitou o cumprimento.
Caro companheiro e amigo M.José Rodrigues, se o puder e quiser aceitar, estou aqui a enviar-lhe um forte abraço de amizade e, mais uma vez, com o pedido de sinceras desculpas pelo meu desaforo.