2011-02-20
manuel vieira - esposende
Deixei tudo por ela, deixei, deixei
Deixei tudo por ela, eu sei, eu sei
Deixei a minha vida tão bonita e singela
Deixei tudo o que tinha, deixei tudo por ela
Já cantava o Zé Cabra num sucesso de palco que não explica o tom em "Dó Maior", que depois passou a "Dó Menor".
E não estou a falar de lampreia, como todos perceberam e é óbvio.
Esse prato emblemático da gastronomia lusa que já foi pitéu nas cortes francesas, tem levado muita gente a deixar tudo por ela, a lampreia, mas ao fim do dia regressam consolados à sagrada mansão.
De arroz, à bordalesa, ensopada em champanhe bruto tinto ou assada no forno, esse digesto pitéu apresenta hoje outras formas de consumo associadas á cozinha gourmet como a lampreia fatiada em cama de grelos, com açorda das suas ovas. Ainda em tradição no Alto Minho a lampreia seca e a lampreia fumada que pode ser adicionada a cozido de carnes, assada na brasa e frita, bem à moda de Melgaço.
Claro que Entre os Rios, Gondomar, Murtosa, Penacova, Mação, Montemor o Velho, Tomar e vários recantos ribeirinhos do Tejo fazem parte da rota da lampreia, para além dos santuários do Minho, entre Janeiro e Abril.
Este delicioso manjar afirma-se hoje no produto turístico estratégico nacional que é a gastronomia e é uma mais valia na época baixa das regiões que procuram desenvolver o seu consumo.
Com maior ou menor sofisticação é sempre um prato de excelência com milhentos apreciadores e come-se em qualquer dia, desde que haja disponibilidade e temos de repensar talvez o dia de semana.
Eu virei para uma fonte de desejo carnal em várias formas de confecção e desenhei roteiro e ao Martins Ribeiro foge-lhe o sufoco para a tal Elisa e tudo o que lhe faça recordar cenários de antanho, a que não passo indiferente, claro.
Formas de amar o que é bom e a que não devemos fugir, sob pena de passarmos o tempo a imaginar...
Eu até compreendo a tentação