O mês de Março é o melhor tempo para a lampreia, que se quer relativamente fresco para estar acomodado aos pratos quentes e daí o "encontro" para degustar aquela iguaria marcado para o próximo dia 16.
Dizem da lampreia “ou se gosta muito ou se odeia”, ou se exalam impropérios perante o aspecto serpentiforme do virtuoso ciclóstomo, ou em contraponto escutam-se romarias dos seus indefectíveis apreciadores pelas capelinhas gastronómicas dos recantos com fama. O velho patrão da Sonae e o da cortiça constam entre estes últimos e muitos outros famosos galgam as estradas para se amesendar e regalar.
O norte minhoto apresenta cardápios de ementas tradicionais que passam por um arroz corridinho a esbanjar do prato, suculento e escurinho, a contrapor a uma singular opção à bordalesa, estufadinha em molho guloso e a acompanhar com um arroz seco e umas torradinhas. Não é por mero acaso que a safra de Sabores de Março no Minho aponta o concelho de Esposende com as virtudes deste ciclóstomo nas diversas opções, mesmo assada com batatinhas ou em feijoada. Não se assustem os comensais porque há ainda mais variedades em uso lá para o Alto Minho, ou perguntem ao Dr. Francisco Sampaio, eterno apreciador e conhecedor do que de bom tem esta região. Claro que para sobremesa aparecem sempre uns pasteizinhos de Fão ou "Clarinhas", ou como lhe queiram chamar. Lá branquinhos são, depois de polvilhadinhos com o açúcar de pasteleiro, fininho qb.
A lampreia do rio Cávado tem fama e a forma de a preparar e cozinhar tem alguns segredos que a tornam muito apreciada. É uso retirar-lhe a pele e envolvê-la em preparo de vinhos vários e temperos a condizer, que lhe darão a consistência e sabor inigualáveis.
Num estrugidinho com azeite de Vila Flor de 0,4 , cebola, alho , bacon e louro junta-se calda da temperança, estufa-se lentamente a dita cuja, repartida em postinhas com largura de 2 dedos dos meus, para ter consistência de carnes e não se desfazer, adicionando-se ao tacho 1 colherzinha rasa de sopa de farinha triga. Junta-se o resto da marinada sem exagerar nos centilitros e cozinha-se com substância, acertando os temperos. Talvez mais umas coisinhas, mas não podemos confessar tudo, se não lá vem a penitência. Apresenta-se na mesa com os acompanhamentos já referidos, não faltando um bom tinto verde ou maduro, conforme as preferências do degustante.
Estas etapas da “Bordalesa” condizem em parte no arroz corridinho e malandro de comer à colher, que deve ser sempre carolino, na opinião dos velhos especialistas, quando os comensais estão por perto, para não empapar. 3 partes de água e 1 de arroz e a coisada fica à maneira. Não me questionem como é que eu sei, nem me convidem para a confecção, sob pena de ganhar ainda mais amigos, mas que é cá um prato quente, não tenham dúvidas.
O "nosso" Martins Ribeiro teve tempo para tudo em temas de poesia e não só a Elisa lhe lançou o engodo para a perversa lírica que até pode chegar às mãos, ao que se lê.
Um poema forte e de sabida intervenção que pinga expressões de orientação revolucionária em alguns dos seus recantos, o que mostra que os fiscais do regime andavam distraídos submersos nos bairros da capital.
Claro que o Ribeiro só falou das mãos em tempos de idade mais adulta e deixou para outras musas os acrescentos de inspiração juvenil mas o que é certo é que este decano da AAAR mostra como sabe utilizar o tempo e os meios e agora já não estou a falar das mãos, claro, na sequência do último texto dos "Pontos de vista".
A partilha que vai fazendo da sua produção literária mostra também a forma aberta como se relaciona com os restantes colegas e a sua frequência pode ser incentivo para quantos por aqui passam em exclusivo de leitura.
Este é o espaço de todos e reconheço que ler também é participar, como sentirá qualquer escritor, pese a importância do escrever.
Faz bem e gera dinâmica comunicacional que reforça qualquer relação.
Belo poema, Martins Ribeiro.
Nem sei como não te incomodaram os tais que bufavam silenciosamente pelos cafés e esquinas.
Tiveste coragem!
No fim, ficamos com a certeza de que nem sempre a revolução é evolução. Que pena!
Belo poema!
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