2011-01-23
Alexandre Gonçaves - Palmela
Meu caro Martins Ribeiro
Só hoje soube do teu aniversário. Eu assumo que a ignorância não me
limpa da falha de te cumprimentar nesse dia 19 de Janeiro. Quando o Vieira passou a notícia e eu tomei a respectiva nota, decidi na hora falar contigo. Não por obrigação, em cujo regime não funciono. Mas pelo puro prazer de te manifestar a minha admiração e estima. Foste um protagonista de ponta desde que acedeste à Palmeira. Por muitos e nobres motivos. Destaco especialmente dois. O primeiro é a mais valia técnica, exemplarmente aplicada, quer como trabalho efectivo, quer como estímulo àqueles que se sentaram a ver passar o mundo sem intervir nele, sem o digitalizarem. Em segundo lugar, pela vitalidade e juventude reveladas. Nem sempre estamos do mesmo lado, o que só prova que temos garra que baste para defendermos a dama que a vida nos ensinou a escolher. Seria dramática a uniformidade neste tipo de associação. Mas dá-me uma grande vaidade sentar-me nas mesas onde nós e muitos outros divergentes(e até dissidentes)já brindámos com sincera alegria ao esplendor da vida e da memória. Temos uma herança comum maravilhosa e múltiplos caminhos de circuntância. Somos amigos que vêm de longe. Sentam-se à mesa e falam. E riem. E contam histórias, porque já temos muita coisa para dizer. Há diversidade de pontos de vista? É saudável e desejável que os haja. E que ninguém os ponha em saldo. Mas o importante é a rosa, seja lá o que isso for. Teoricamente está tudo em causa. Mas nos nossos sentimentos, fica a suavidade dos encontros, a palavra mágica que herdámos das salas de vila nova, os sons antigos que afluem aos nossos cânticos, os mais genuínos valores da existência que bebemos na terna juventude. Por tudo isto, eu te saúdo, ó viajante da frente, pela escolha que nos fizeste, pela firmeza das tuas convicções, pelo humor com que dobas os dias. Não te esqueço em Arcos, que tu promoveste a lugar de romaria. Nas viagens que vamos fazendo, onde és o primeiro a chegar. Nas mesas dos nossos helénicos banquetes, onde és o pastor da alegria. Nas falas múltiplas destas páginas, onde combates para transformar o mundo em lugar sereno e habitável. Parabéns a ti e à Conceição, que por certo te estimulou a seres como quem és! Um abraço por sobre os muitos anos que todos exigimos ainda de ti.
Alexandre