2011-03-08
Arsénio Pires - Porto
Meu caro Gaudêncio:
Agradeço-te o teres reconhecido esta pequena homenagem que aqui quis prestar ao nosso querido Zeca Afonso.
Algumas vezes o ouvi ao vivo e muitas outras o cantei em privado e em público, acompanhando-me à viola, azucrinando os ouvidos salazaristas do meu comandante de Batalhão nas matas da Guiné. A “Menina dos Olhos Tristes” e “Olha o Sol que vai Nascendo”, chorei-os muitas vezes.
Não ficaria de bem comigo se não assinalasse esta data.
Agora, vamos a outro assunto.
Sei bem que uma mentira repetida cem vezes se transforma em verdade.
Deve ser por isso que afirmas: “por teres demonstrado com esse teu gesto, de bom gosto, que aquela " barbaridade " que, faz tempo, escreveste sobre o mundo pular e avançar sempre que morre um comuna, devia ter alguma subjacente picardia, ou alguma motivação malévola contra alguém”.
Ora, esta tua afirmação é uma não-verdade que não quero deixar passar no escuro. O que afirmei, e podes consultar a páginas 50 e tal deste link, é textualmente o seguinte:
“Com Saramago morreu mais um pedaço do pouco que resta do comunismo. E quando morre mais um pedaço do comunismo eu sinto que o mundo pula e avança."
Caro Gaudêncio, eu nunca afirmei “sempre que morre um comunista”(muito menos um comuna…) como tu dizes.
Portanto, “aquela “barbaridade” não tinha “alguma subjacente picardia, ou alguma motivação malévola contra alguém”. Porque, simplesmente, não gosto de ofender ninguém.
Também não me alegro com a morte de ninguém. Não está nos meus valores. Combato, sim, com todo o direito, julgo eu, as ideias ou ideologias que vão contra os meus valores.
Tento sempre nunca confundir ideias com pessoas. Para mim, a pessoa é um valor absoluto. Não a sociedade! Muito menos as ideologias!
Mas, desconfio que terei de ficar com a tal mentira corcundada nas minhas costas.
Termino agradecendo-te, mais uma vez, as tuas palavras de reconhecimento. Este era um dever meu.
Alegro-me por saber que também tu és um dos amigos do Zeca.
Venham mais cinco!